Eu havia acabado de mudar. Na pindaíba de juntar moedinhas pra comprar o essencial, faltava a compra das xícaras. Então, pensando com carinho nos amigos a quem eu traria pro meu novo canto, escolhi as melhores xícaras. Foi um sucesso! Todo mundo que vinha, elogiava o bom gosto da escolha.
Passado um tempo, em choque, percebi que uma das pessoas mais importantes do mundo pra mim ainda não tinha sido prestigiada com a tal da xícara nova. Então, fiz o melhor café da manhã que pude, com tudo o que eu sabia que ela gostava. Liguei pra Chef Júlia, pedi dica de como fazer o tal do ovo de hotel, e caprichei! Então, naquela manhã, diante de um lindo nascer do sol, na sacada da minha casa, com uma linda xícara nova, EU ganhei um delicioso café da manhã, e me agradeci por aquele carinho.
Eu tenho visto amigos e amigas se submeterem a relacionamentos silenciosos. Um silêncio estranho, sob o eufemismo do “o que ninguém sabe, ninguém estraga”. Meninos que não assumem relacionamentos porque “o que a gente tem é tão lindo que é melhor não estragar com uma aliança”. Mulheres que sutilmente escondem a mão nas fotos. Gente que quer a delícia de se ter alguém, mas jamais a responsabilidade de ser de alguém. E se o pertencer te causa estranheza, você não sabe o que é amar.
Tenho uma inveja boa dos meus amigos que são bem expostos por suas amadas em rede social. Homens que ganharam um presente dos céus ao terem alguém que lhes assume diante do mundo. “Ain, mas isso não é prova de amor”. Não, não é! Assim como aliança não segura relacionamento, foto bonita não conta amargura. Mas eu prefiro ver o copo meio cheio: essas pessoas decidiram dizer ao mundo que vale a pena correr o risco de assumir o amor.
Quem aceita estar numa relação secreta, precisa também assumir, pelo menos pra si, sua carência afetiva. Se você tem medo de se expor porque alguém pode estragar, essa relação é frágil. E se você se submete a algo assim tão furtivo, é você que é frágil.
Quer um conselho? Faça um bom café e ame-se! Enquanto você não entender o valor que tem, vai continuar se submetendo a amores frios e cafés requentados. E quando menos perceber, terá que encarar um “desculpa, comecei a namorar”.