Como a maioria dos evangélicos da minha geração, cresci numa igreja que proibia cinema, praia e barba. Televisão podia porque o Malafaia pregava lá. E se você, líder de louvor, acha difícil motivar sua comunidade a adorar, imagine quando a gente fazia isso sob os olhares hostis de quem não abria mão dos 3 hinos da Harpa? E o dia que coloquei minha banda no púlpito? Fui literalmente expulso da igreja. Bons tempos… rs
Mas, um dia, aprendemos a palavrinha mágica “religiosidade”. Ah, meu irmão… depois disso, toda vez que alguém pesava na nossa: “Ah, isso é religiosidade…”. E assim, as mulheres foram se libertando do fardo que era aquela saia comprida, e os homens… ah, os homens continuaram exatamente iguais, porque me parece que alguns deles é que faziam as regras.
Acontece que a palavrinha mágica deixou de ser chave para a liberdade e passou a escancarar os portões da libertinagem. Quem sou eu pra ser moralista, mas de selfies provocantes à bebedeira no carnaval, vale tudo ao se levantar a bandeira da não-religiosidade.
Mas a pergunta que faço para nossa reflexão é: “Será mesmo que a religiosidade é a essência do nosso problema espiritual?” Me permita apresentar 2 casos de religiosos, e você mesmo poderá julgar.
Meus pais são extremamente religiosos em sua devocional. TODOS os dias, antes de saírem para o trabalho, eles levantam, tomam café e fazem seu culto matinal. Sim, culto! Com oração, louvor e Palavra. E mais, quando acontece de se atrasarem por qualquer motivo, eles compensam à noite. Meu Deus, quanta religiosidade…
O segundo caso é o de um cara que fazia tudo pelo pai. Servia-o com afinco há muitos anos e nunca o desobedeceu. Porém, no dia em que seu irmão voltou para casa todo arrependido depois de ter cuspido na cara do pai, se revoltou: “Faço tudo por você, pai, sem nunca ter pisado na bola, e você nunca matou nem um gato pra eu fazer um churrasco aqui em casa, e esse moleque te humilha na frente de todo mundo e você faz festa!?” Meu Deus, quanta religiosidade…
Há alguns anos, coloquei um evento semanal no meu celular para consagrar e jejuar. Só Deus sabe a batalha que travo toda terça-feira para dedicar pelo menos um dia, que seja, ao Senhor. Confesso que já cheguei a desabilitar esse alarme em meio às aflições e revoltas da vida. Foi quando percebi o quanto passou a fazer falta aquela religiosidade semanal, e reativei-a.
Ei, a má religiosidade se manifesta não apenas naquilo que vestimos ou postamos, ela explode dentro de nós muitas vezes em hipocrisia e falso moralismo. Somos tão tendenciosos a julgar e temos uma natureza tão suscetível ao pecado que começo a acreditar que o que nos falta é um pouco de boa religiosidade na vida.
Acredite, é melhor ser um religioso metódico do que um liberto desregrado.
Em nome do Eterno, estabeleça uma regra para sua vida espiritual fora do templo antes que sua liberdade te leve para o inferno, e como disse Paulo: “…tenham cuidado para que o exercício da liberdade de vocês não se torne uma pedra de tropeço para os fracos.” (I Co. 8.9)
No amor do Pai,
Roger