“…Dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar
da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos
céus (…). E assim estaremos com Ele para sempre.
Consolem-se uns aos outros com essas palavras.”
I Te. 4.18
Se você frequenta uma igreja evangélica, responda-me com sinceridade – há quanto tempo você não ouve uma mensagem sobre o tema: “Jesus está voltando”?
Falar da volta de Jesus está fora de moda. Não dá mais ibope. Pregador itinerante não pode se dar ao luxo de pregar o Céu. Já pensou? Ficar falando das maravilhas da Canaã Celestial? Que toda profecia será aniquilada e toda língua cessará (I Co. 13.8)? Só nesse primeiro parágrafo o camarada já perderia meia-dúzia de profetas. E as milhares de promessas que “deus” fez, como ficariam? Afinal, se quem tem promessa não morre, teoricamente também não pode ir dessa pra melhor de nenhum outro jeito e deixar essa pendência.
Imagina começar a dizer que Ele breve vem e os crentes começarem a nutrir um sentimento de esperança na glória celeste… E se esse sentimento gerar um desprendimento do material? O que será das grandes campanhas de prosperidade? Afinal, um evangelho em que a recompensa esteja no porvir não pode ser levado muito a sério, não é!? Imagina os crentes vendendo suas propriedades e repartindo entre os pobres… Vixe, as contribuições cairiam vertiginosamente. Olha o estrago! Você já pensou nos tele-evangelistas vociferando: “Arrependam-se (…), raça de víboras! Quem lhes deu a ideia de fugir da ira que se aproxima? Dêem fruto que mostre o arrependimento (…)! Toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo.” (Mt. 3.2;7-10). Pronto, o caos está instaurado. Quem é que vai assistir a um programa desses que “não dá em nada”?
É típico do ser humano, principalmente do brasileiro, viver esse evangelho toma-lá-dá-cá. Pedro já havia dado um toque: “[Senhor] Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós?” (Mt. 19.27). E isso fica ainda mais claro no esforço que fazemos para ser aceitos por Deus. É monte, é jejum, é corrente, é promessa, é voto… Mas graças a Deus, Sua voz continua ecoando desde a Antiga Aliança: “Desejo misericórida, e não sacrifícios; conhecimento de Deus em vez de holocaustos.” (Os. 6.6). E quem é “prudente” e não prega esse evangelho tão gracioso para não deixar o povo relaxado, se esquece que a Bíblia não dá ponto sem nó e diz: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma!” (Rm. 6.1-2).
Creio que a ideia de Graça demora a ser digerida por essa geração simplesmente porque ela não dá nada de graça! É por isso que pregar a volta iminente de Jesus é dar tiro no pé, pois se Ele volta amanhã, esse “evangelho-fundo-de-investimento” perde o sentido de sua existência.
Enfim, contrariando a muitos, quero trazer a memória o que me traz esperança e temor (não medo): “Jesus está voltando!”. Que a graça do Pai seja cada dia mais abundante sobre nós. Que o senso de responsabilidade para com o Reino domine nossas mentes. E que a misericórida do Senhor seja sobre nós a cada dia. Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!
No amor daquele que vem nos buscar,
L. Rogério