Quando Deus nos deu o sol, Ele poderia até se limitar a dar um pontinho de luz que nos trouxesse igualmente os benefícios do crescimento de plantas, da evaporação para as chuvas e tudo mais, mas Ele foi além, fez do pôr do sol um show de luzes e cores. Da mesma forma, Ele poderia ter feito as flores todas de uma cor só, com o mesmo cheiro, e nós sequer saberíamos que isso tudo podia ser mais bonito. De igual modo, poderia ter feito todos os peixes iguais e da mesma cor. Mas em tudo isso, Deus não se limitou ao normal, ao comum, ao simplório.
Talvez, aqueles que o receberam, tenham herdado um pouco dessa essência e, por isso, quando vão lhe devolver a honra e a glória tentem ser extravagantes. Entregar a Ele o resto do tempo, o que sobra da atenção, o que não se precisa mais, o ensaio normal, o culto regular, a oferta que não custa quase nada, é a essência do mesquinho, do medíocre, do avarento.
Talvez, e só talvez, a excelência seja uma obstinação para aqueles que veem nela a representação exata daquilo que é o nosso Deus. Talvez, ao olharem para a Sua entrega, dando o Seu melhor para morrer em nosso lugar, eles tenham entendido que Deus não entrega o bom, mas sempre o melhor. Talvez, e só talvez, eles tenham olhado para o presente da vida e tenham dito: esse presente poderia ser eterno, e Ele os ouviu.
Talvez, e só talvez, seja por isso que o diabo tenta a todo custo reivindicar para si a melhor luz, o melhor aplauso, o melhor som, o melhor espetáculo, o melhor palco, o melhor evento. Ele, o enganador, diz que tudo isso é dele, porque só ele é quem merece o melhor. Sua mentira e seu espírito invadem a mente de muitos que devolvem, então, para o Eterno, o pior, o resto, o feio, a nota qualquer, a desafinação, o descompasso, o “não ensaiei, mas é pra Gezuis”.
Você pode até continuar o seu discurso de entrega da manjedoura, mas talvez se espante quando Ele voltar, envolto em toda Sua majestade e glória. Você pode até adorá-lo como o Servo Sofredor, Ele sempre receberá sua adoração porque entende nossa ignorância, mas a um rei não se dá lembrancinha, se dá ouro, incenso e mirra.
“Não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada” (II Sm. 24.24)
No amor do Pai,
Roger