Como é bom encontrar um lugar em que você é amparado no momento da dor e da fraqueza espiritual. Só dá valor a um culto quem já saiu no meio da noite desesperado por uma resposta de Deus e encontrou uma igreja de portas abertas em que a verdadeira palavra estava sendo ministrada. Como é bom, em meio a lutas e provações, receber uma oração feita com a alma, de alguém que não apenas te abraça literalmente, mas abraça o problema e se propõe a entrar nessa guerra com você. Como é maravilhoso, depois de uma noite mal dormida, com a cabeça a mil, receber a visita de um verdadeiro servo de Deus que “sentiu” de vir orar por você – e mais – sentir-se revigorado após a oração como se um peso de uma tonelada fosse tirado de suas costas.
Momentos como esses são mais frequentes do que imaginamos na caminhada cristã. Quem nunca passou por eles, desmerece os cultos de oração. Pior, debocha da irmãzinha do coque, daquela que se consagra, daqueles que se doam em prol dos outros, daqueles a quem o Senhor criou com um sentimento nato de cuidado alheio. Felizes são os que se deixam amparar e com humildade reconhecem sua interdependência no Reino de Deus.
Mas a triste realidade é que uma guerra é feita de muitas batalhas. E não é diferente no mundo espiritual, por isso, muitas vezes, mesmo depois de um culto abençoado, uma Palavra restauradora e orações fervorosas, voltamos para casa e nos sentimos sozinhos, desprotegidos, desamparados… A mente entra quase em colapso. Nos sentimos culpados por essa invasão de sentimentos ruins, de presságios fatalistas, de medo do amanhã…
O grande questionamento é: “É normal isso?”
Jeremias havia feito exatamente como Deus havia ordenado. Ministrou uma mensagem dura: “O Senhor trará toda desgraça sobre vocês por causa da sua desobediência!” – é preciso ter muita coragem e intimidade com o Eterno para profetizar algo assim. Mas por que temer se você está fazendo exatamente aquilo que Deus mandou e você tem convicção disso? Talvez essa pergunta tenha sido a raiz da grande decepção de Jeremias, pois logo em seguida ao seu ato de obediência, o Senhor permitiu que ele fosse espancado e amarrado num tronco a noite inteira. Você consegue imaginar o que passou pela cabeça de Jeremias durante aquela noite toda? Eu te digo, com as palavras do próprio Jeremias:
“Senhor, você me enganou!
Todos estão zombando de mim.” (Jr. 20.7)
Se você chegou até aqui e foi tocado por esta palavra, imagino que você se sente exatamente assim! Por isso, respondo o grande questionamento: “Sim! É normal se sentir assim.”
Nossa vida espiritual tem esses altos e baixos. Vivemos essa batalha diária entre o homem natural e o espiritual. Às vezes, vencemos. Outras vezes, somos cruelmente derrotados. Mas deixo para NÓS uma palavra de ânimo e esperança: vai amanhecer! A noite parece longa, fria e sombria, mas vai amanhecer! Tudo o que você fez em obediência ao Senhor está devidamente registrado, vai amanhecer! Toda lágrima depositada no altar foi colhida e catalogada, vai amanhecer!
Depois dessa noite de agonia, depois desse desabafo que beirou à blasfêmia, como era de se esperar, Jeremias quis desistir de tudo. Chegou ao fundo do poço. Mas foi também de lá que declarou: “Quando eu penso em desistir é como se um fogo ardesse em meu coração… eu não posso lutar contra isso. É… o Senhor está comigo como um forte guerreiro!”
Força! Vai amanhecer…
No amor do Pai,
Roger
“Espero no Senhor com todo o meu ser, e na sua Palavra ponho a minha esperança. Espero pelo Senhor mais do que as sentinelas pela manhã; sim, mais do que as sentinelas esperam pela manhã!” – Salmos 130.5,6