Esperança, Provações, Reflexões

Perdi a esperança!

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Vivemos um tempo em que alguns pastores têm verdadeiro pavor em não ver suas igrejas abarrotadas. Nessa ânsia, rendem-se ao triunfalismo barato do “dia da vitória”, de “o que você veio buscar, vai levar” e de um monte de frases de efeito para animar a plateia, sempre, claro, ao som triunfante de “Sabor de Mel”. Nem é preciso dizer que a Bíblia é realmente recheada de mensagens de esperança e triunfo, porém, há uma diferença gritante do que se vê nessas reuniões – a Bíblia não doura a pílula: “Como pode um homem reclamar quando é punido por seus pecados? Examinemos e submetamos à prova os nossos caminhos, e depois voltemos ao Senhor.” – Lm. 3.39 e 40

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E em meio a tantas mensagens triunfalistas, muitos se sentem sufocados diante dos desafios que a vida apresenta. Afinal, foi-lhes dito que é praticamente um pecado falar em derrota. Que falar, desabafar ou mesmo reconhecer um problema é “dar trela pro Diabo”. Assim, disfarçam a fé de pensamento positivo e vão, enganando-se e sendo enganados, iludindo-se e sendo iludidos. Confessar a Palavra de Deus é muito mais do que tomar versículos isolados e fazer deles um mantra. É preciso absorver a essência das Palavras do Eterno na alma para que a boca fale daquilo que o coração está repleto.

O que os triunfalistas diriam de alguém que diz: “Pessoal, nossa viagem será um desastre, é melhor ficarmos por aqui!” Certamente, o repreenderiam dizendo que não podemos dizer coisas negativas, que vai dar tudo certo, basta crer… Talvez você já esteja torcendo o nariz e me achando alguém pessimista, porém, coloque-se por alguns instantes no lugar de alguém que está cansado de sofrer. Tente sentir a dor de alguém que está perdido, sem rumo, sem direção, sem saber o que fazer. Tente imaginar como dói o coração de alguém que está nessa situação e ouve: “Ah, fica assim não, vai dar tudo certo!” A intenção é boa, eu sei, mas o que nos diferencia neste mundo de descasos é colocar-se no lugar do outro e sentir sua dor. Discurso bonito não cura alma.

O “pessimista” da frase acima, pasme, foi o Apóstolo Paulo. O livro de Atos narra esse naufrágio de forma explícita, sem rodeios. Diz que diante da tempestade, os marinheiros fizeram tudo o que podiam para evitar o pior. Reforçaram o navio com cordas, baixaram as velas, deixaram o navio à deriva, lançaram fora a carga… nada resolvia! Até que começaram a “desmontar” o navio jogando fora sua armação. Depois de muitos dias à deriva, o escritor registra algo dramático: “Não aparecendo nem sol nem estrelas por muitos dias, e continuando a abater-se sobre nós grande tempestade, finalmente perdemos toda a esperança de salvamento.” (Atos 27.20)

Sim! Eles perderam a esperança. Por falta de amor, muitos acabam repreendendo os aflitos de alma, ignorando sua dor e dizendo que Deus não nos prova além daquilo que possamos suportar. Mas não é bem isso que a Bíblia diz! A Bíblia diz que Deus é fiel, e não permitirá que sejamos TENTADOS além do que podemos suportar. O contexto de Coríntios está falando de pecado, não de provação! Portanto, se alguém tem te sufocado com uma recriminação cruel perante a sua dor, pelo amor de Deus, me ouça:

Você fez tudo o que estava ao seu alcance. Aliviou a carga. Se desfez de todo peso. Chegou ao ponto de desfazer-se de si mesmo para suportar a tempestade, mas você está à deriva como aqueles marinheiros. Sem sol, sem estrelas, não há como se guiar. Não há como deduzir para onde fica o Norte, e sua esperança se foi. Pronto! Você chegou exatamente onde Deus queria. E acredite, Ele não menospreza sua dor!

Em meio ao caos, Paulo se levantou e animou a tripulação. Como qualquer um de nós faria, ele inicia seu discurso dizendo: “Eu avisei!”, mas segue dizendo que um anjo do Senhor lhe havia aparecido e dito que Deus, por sua graça, havia dado a ele, Paulo, todas aquelas vidas, e que ninguém iria morrer. E assim aconteceu. Todas as 276 pessoas chegaram à praia, sãs e salvas.

Acredite, vai passar. Talvez você ainda sofra um pouco mais, pois mesmo depois da revelação de Paulo, eles ainda ficaram cerca de 11 dias à deriva. Pode ser que esse texto seja a sua revelação. Pode ser que essas palavras tragam alívio à sua alma (assim espero). Portanto, em nome do Eterno, alimente-se, fortaleça-se na Palavra, e fique firme – a praia é logo ali.

Com carinho,

Roger

Publicado por Roger da Escola

L. Rogério (o “Roger da Escola”) é pai da Bia, fundador da Escola de Adoração, formado em Sistemas, Marketing, Comunicação, Teologia e faz MBA em Mktg pela USP. Fã do Cheescake Factory e de The Big Bang Theory.

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