Sabe quando a pressão da vida te descompassa? Pois é… Semana passada aconteceu comigo. Quando você pensa que a vida retomou o ritmo, o Maestro dá uma fermata que você não percebeu. Quando você acorda, lá está Ele, segurando inerte a batuta da vida, enquanto você sua frio, sem saber quando volta a simples melodia do viver.
Foi em uma dessas longas pausas que surtei. Não é fácil entender que pausa também é música, mas graças a Deus tenho pais que conhecem a melodia da vida de cor e salteado. Assim, se prontificaram a jejuar e orar por mim. Ontem, depois de uma semana desse propósito, eles vieram aqui em casa entregá-lo.
E enquanto eu fazia um café, eles ensaiavam para aquele lindo concerto na sala da minha casa. Aquele simples dueto, tão cativante, tão presente em minha história, misturado ao cheiro gostoso de café fresquinho foi me trazendo paz, conforto e esperança. Mas algo me desconcentrou e me fez sorrir: mamãe tem arritmia musical. Explico!
Mamãe canta bem. Canta com a alma. Mas mamãe não consegue retomar sozinha as “cabeças” do compasso. Sabe quando o maestro conta “um e dois e três e quatro”? Mamãe entra sempre no “e”. Porém, papai toca bem. Muito bem! E como o estilo dele é chorinho, ele acompanha e sola ao mesmo tempo. Assim, ao solar a melodia, ele ajuda-a a cantar corretamente.
Mas, espere, eis a maior prova de amor que eu já testemunhei em toda a minha vida vendo essa cena: papai erra com a mamãe! Sim, ele não a ajuda a entrar no tempo certo, ele erra também a entrada da nota! Assim, ela pensa que está cantando no ritmo certinho, enquanto, na verdade, é ele quem está tocando “errado”.
Isso me fez entender algo muito sublime: quando achei que estava colhendo bons frutos por ter semeado bem, entendi que enquanto eu dormia, era o Eterno que havia arrancado todas as ervas daninhas pra mim. Plantas invasoras que eu mesmo permiti, talvez sem perceber, que estivessem ali.
Moral da história: no concerto da vida, não sou eu que acerto, é o Eterno que conserta pra mim.