Pastoral, Reflexões

Você precisa começar a dizer o que sente

image_pdfimage_print

Você deve conhecer aquele discurso inflamado do tipo: “Ah, filha… eu não levo desaforo pra casa, não! O que eu tenho que dizer eu falo na cara mesmo! Prefiro ser assim do que essas pessoas que ficam falando pelas costas” É quase evidente que as pessoas que agem com essa agressividade são provavelmente inseguras e tentam compensar essa baixa autoestima rebaixando, humilhando ou até ferindo os outros.

Porém, há um outro extremo igualmente nocivo: pessoas que são incapazes de expressar suas emoções. Gente passiva que está do outro lado dos desaforados, ouvindo e sofrendo calada todo tipo de agressão emocional que se possa imaginar. Já me disseram que essas pessoas somatizam enfermidades e, em algum momento, acabam “explodindo” e despejando tudo o que não disseram naquela hora em alguém que não tem absolutamente nada a ver com os problemas do indivíduo.

Nem é preciso dizer que pessoas com tais distúrbios precisam de auxílio médico urgente, certo? Contudo, partindo do pressuposto que você é emocionalmente saudável, mas percebe esse desequilíbrio em si, permita-me lhe dar uma palavra bíblica sobre o assunto.

A Bíblia é extremamente clara quanto ao nosso posicionamento diante de agressões emocionais: “Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos.” (Rm. 12.17-18). Perceba que Paulo é equilibrado ao ponto de reconhecer que é preciso muito esforço para viver assim.

Agora, equilibre a balança pelo ensino do mesmo apóstolo: “Recomendo-lhes, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles. Pois essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam os corações dos ingênuos.” (Rm. 16.17-18)

Assim, não é preciso engolir tudo aquilo que te faz mal simplesmente para agradar os outros em nome do amor em Cristo. Até porque, o mesmo livro de Romanos nos diz que “o amor deve ser sincero” (12.9), ou seja, sem hipocrisia, sem máscaras.

Você pode sim, se afastar de pessoas que causam divisões na igreja e continuar expressando seu amor em oração por elas. E nem é preciso “dizer as verdades na cara da pessoa” em nome de uma pseudo preocupação espiritual. Isso é demoníaco, porque o verdadeiro amor é expresso em “ação e em verdade” (I Jo. 3.18).

Ficou triste com a amiga? Diga! Não gostou da brincadeira do amigo? Fale pra ele! Gostaria de mais atenção do mozão? Por que não dizer isso com respeito e amor? Você precisa começar a dizer o que sente, antes que isso corroa a sua alma.

No amor do Pai,

Roger

Publicado por Roger da Escola

L. Rogério (o “Roger da Escola”) é pai da Bia, fundador da Escola de Adoração, formado em Sistemas, Marketing, Comunicação, Teologia e faz MBA em Mktg pela USP. Fã do Cheescake Factory e de The Big Bang Theory.

2 comentários sobre “Você precisa começar a dizer o que sente”

  1. Wendel disse:

    Roger, e quando a gnt diz o que sentimos, nos abrimos com a pessoa, com respeito e amor, achando que essa pessoa é amigo(a), e ela nem se importa com você ou com a situação? Como acreditar no amor das pessoas se os nosso próprios “amigos” nos dão as costas?

    1. Roger da Escola disse:

      Wendel, eu acabei de sair de um encontro com um dos meus melhores amigos. Colocamos “as cartas na mesa”. E cara, foi libertador! Vou te dizer o que aprendi nessa reunião.

      Por mais que a gente se coloque no lugar do outro, dificilmente vamos ter a dimensão de sua dor. Muitas vezes, nós julgamos o outro sem saber o que se passa. Eu entendo perfeitamente o que você está sentindo, mas nós não sabemos o que motivou seu amigo(a) a dar as costas. Na verdade, nós nem sabemos se essa pessoa, de fato, lhe deu as costas. Muitas vezes, as pessoas se afastam da gente por não saber o que dizer, por se sentirem incapazes de nos ajudar, por ficarem constrangidas com nosso problema ou simplesmente para nos dar um espaço para refletir.

      É precipitado julgarmos os porquês do outro sem estar em seu lugar. Não se entristeça com seu amigo(a). Eu também descobri nessa conversa franca que tive com meu amigo que eu também o decepcionei em um determinado momento (e eu nem sabia disso). As relações são difíceis mesmo, porque cada um tem os seus próprios monstros para lidar, e muitas vezes nossos problemas até trazem à tona os problemas alheios. E isso fere.

      Enfim, não se magoe! Perdoe e tente enxergar esse “desprezo” como uma oportunidade de se conhecer melhor, amadurecer e buscar mais a Deus. No futuro, você pode até descobrir que tudo aquilo que você achava do outro era apenas um reflexo da sua dor, e não a realidade. Fica na paz!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *