Esperança

O último poço

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Quando a fome bateu à porta daquele homem, sua única opção era fugir. Diante do desespero, voltar para um lugar que lhe trazia lembranças tão ruins já não lhe parecia tanta loucura assim. Mas ao tomar coragem para uma decisão tão arriscada e que podia ser sinônimo de escravidão, ele ouviu uma voz: “Fica! Vai dar tudo certo aqui mesmo!”.

Mas como ficar num lugar onde você não é bem-vindo? Ser forasteiro onde todos te invejam e querem o seu mal não faz sentido. E mais, eles haviam entulhado todas as fontes de sustento que o homem herdara! Mais uma vez, ele se encheu de coragem pra fugir. Mas nem sempre a coragem nos leva pro caminho certo. Às vezes, ela nos leva pro fundo do poço e nos deixa lá, sozinhos.

E agora? Ficar, mesmo sendo indesejado e ter que lutar pelo que se acredita, engolir o orgulho e dar ouvidos à uma voz? E se for mera intuição? Os amigos lhe diziam que não valia a pena, que ele deveria esquecer tudo, ali não ia dar em nada – profetizavam.

O homem reuniu seu restinho de força e decidiu acreditar. Entendeu que aquele sentimento de fuga não podia lhe definir. Assim, decidiu tentar mais uma vez e cavou um poço. Sim, a sua sobrevivência dependia de água. Tão simples, tão abundante em outros momentos, mas escassa agora. Como era de se esperar, seus inimigos entulharam seu poço, por isso, ele chamou o poço entulhado de Contenda.

Ele não desistiu. Cavou mais um. A cena se repetiu e, ao segundo poço entulhado, ele deu o nome de Inimizade. Certo de que Contenda e Inimizade não podiam deter-lhe, cavou mais um e, finalmente, eles desistiram. Por isso, ele batizou aquele de Lugar Amplo.

Um dia, do nada, aqueles homens maus bateram à porta do homem resiliente: “Você venceu! Nós vamos te deixar em paz!”. Num “plot twist” digno de série de streaming, o homem lhes ofereceu um banquete e, curiosamente, naquele mesmo dia, ele cavou seu último poço e encontrou água abundante, me ensinando que melhor do que fugir é enfrentar os meus medos, que a coragem não me serve de nada se ela me leva pro caminho mau e que eu não devo deixar de acreditar só porque fracassei algumas vezes.

Talvez, e só talvez, eu precise apenas insistir um pouco mais.

Obrigado, Isaque!

Publicado por Roger da Escola

L. Rogério (o “Roger da Escola”) é pai da Bia, fundador da Escola de Adoração, formado em Sistemas, Marketing, Comunicação, Teologia e faz MBA em Mktg pela USP. Fã do Cheescake Factory e de The Big Bang Theory.

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