“Todos os que estão sob o jugo da escravidão devem considerar seus senhores como dignos de todo respeito, para que o nome de Deus e o nosso ensino não sejam blasfemados. Os que têm senhores crentes não devem ter por eles menos respeito, pelo fato de serem irmãos; ao contrário, devem servi-los ainda melhor, porque os que se beneficiam do seu serviço são fiéis e amados. Ensine e recomende essas coisas.” – I Tm. 6.1-2
Uma das maiores premissas da vida cristã é o testemunho. Dar bom exemplo onde quer que se esteja é requisito básico para todo aquele que se diz seguidor do Mestre Jesus. Tema corriqueiro na pregação de muitos ministros, a vida de separação do mundo como forma de santificação já foi largamente difundida e atestada por alguns como receita para a bênção de Deus. Não sentar-se à roda dos escarnecedores, então, tornou-se chavão na pregação que exige separação incondicional do mundo e de seus habitantes, afinal, diziam-nos, a nossa pátria não é aqui. Acontece que vez ou outra na semana tenho a deliciosa oportunidade de almoçar com a Dany em seu trabalho. Como o refeitório é no próprio local, minha esposa vai mostrando-me seus colegas que partilham da mesma fé. “Amor…” – ela diz – “…aqueles dois ali são da igreja tal. As duas moças de cabelo comprido são da congregação tal. Aqueles quatro ali no canto são da missão tal…”. Curiosamente, percebo que todos esses sentam-se separados das demais pessoas. Após o almoço, enquanto caminhamos pelo bosque, a cena se repete.
João Batista foi um dos grandes precursores da ideia de separação do mundo. Como atalaia da vinda do Messias, creio que sua lógica de distanciamento dos pecadores no comer, no vestir e em seu local de trabalho (o deserto) talvez fizesse todo sentido naquele universo. Como Jesus veio quebrando paradigmas, sua aproximação com os pecadores sentando à mesa dos corruptos, falando a prostitutas e perdoando mulheres em adultério não combinava nada com a separação de seu primo João – que justamente por isso mandou perguntar a Jesus se Ele era realmente o Cristo. Quando Jesus questiona a eficácia da candeia debaixo da vasilha, logo nos propõe que a nossa luz deve brilhar diante da sociedade para que o Pai seja glorificado (Mt. 5.14-16), o que me leva à seguinte questão: “De que forma vamos impactar a sociedade se vivermos como alienígenas isolados e separados?”. Viver uma vida íntegra e de separação nada tem a ver com distanciamento físico, mas sim ético, moral e de caráter.
É nesse contexto que muitos empregados cristãos amaldiçoam seus patrões, seus salários e, mesmo não sentando-se à roda dos escarnecedores, roubam suas empresas chegando atrasados, adulterando relatórios de reembolsos ou inventando doenças e imprevistos que só denigrem a imagem do evangelho de Cristo. Tem crente que a cada trimestre “mata” uma tia ou um primo para ir ao Hopi Hari. Haja parente!
Quero incentivar a você que me lê e professa essa fé: dê o seu melhor em seu local de trabalho! Estar empregado é uma dádiva de Deus. Servir à sociedade com nossos talentos e profissionalismo é motivo de glórias a Deus. Honre teu chefe. Respeite o presidente de sua companhia. Chegue mais cedo. Saia mais tarde quando for preciso. Entregue seus relatórios e planilhas impecáveis. Fazendo assim, tenho convicção que todos verão que sua dedicação é fruto de um coração restaurado, um espírito renovado e de uma vida cujo caráter reflete o espírito de Jesus.
“Escravos, sujeitem-se a seus senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas também aos maus. Porque é louvável que, por motivo de sua consciência para com Deus, alguém suporte aflições sofrendo injustamente. Pois, que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus.” – I Pe. 2.18-20
“O que você é te controla e ecoa tão alto que não consigo ouvir o que você me diz” – Ralph Waldo Emerson