Desde que Adão passou a bola pra Eva, que por sua vez repassou para a serpente, o homem tem o péssimo hábito de passar a culpa adiante. Meu sobrinho Vinícius ainda mal fala as palavras corretamente, mas quando o caldo entorna, já sabe apontar pro irmão e dizer: “Foi o Biel!”. O grupo de louvor está passando por momentos difíceis? O louvor não está fluindo? Estão brigando entre si? Culpa do diabo! Perdeu a chave… Não encontra os óculos? Foi o capiroto! Conta negativa? É o encosto! A balança entortou quando você subiu!? Adivinha… Encosto! E dos pesados!
Já cheguei a conclusão que em muitas igrejas o diabo não precisa se preocupar em colocar discórdia entre os ditos irmãos. Aliás, quando alguém diz que o inimigo está atuando para separar tal grupo, tenho certeza que o infeliz diz: “Eu??? Não me coloca no rolo! Não tive nada a ver com isso!”. A verdade é que a maioria dos problemas das igrejas seriam resolvidos com um pouco de educação e bom senso. É verdade também que não podemos subestimar a atuação do diabo e suas hostes, embora alguns super-crentes o chamem pra batalha e digam que não têm medo de nada, ainda sou mais propenso a Judas 9:
“Contudo, nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava
disputando com o Diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer
acusação injuriosa contra ele, mas disse: ‘O Senhor o repreenda'”
Quando os 72 discípulos enviados por Jesus voltaram de sua missão, voltaram rejubilantes porque haviam expulsado os demônios. Porém, Jesus lhes disse: “…alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus” (Lc. 10.20).
É tempo de deixar de lado as tais “batalhas espirituais” e refletir sobre as responsabilidades de nossas mazelas. Tem muita gente buscando armas espirituais para combater o inferno num verdadeiro Star Wars Evangélico, mas que ainda não aprendeu a respeitar o descanso do vizinho, apagar a luz ao sair de um ambiente ou a realmente pagar uma TV a cabo ao invés de puxar uma “extensão” do poste.
Quando Jesus nos convida a seguir-Lhe, não deixa dúvidas quanto aos principais requisitos do chamado: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!” (Mc. 8.34). Perceba que no imperativo dos três verbos não há menção do inimigo de nossas almas ou de qualquer terceiro na história. Concluo que meu maior inimigo sou eu mesmo! Negar a si mesmo é o maior desafio de nossa era. Tudo é feito para satisfazer nosso eu. E se alguém já pensa em repassar a responsabilidade pro Diabo, lembre-se que o maior propagador da satisfação pessoal aqui na terra é o tal evangelho da prosperidade. Se bem que esse talvez tenha mesmo uma mãozinha do cão (rs).
Que possamos hoje mesmo, em nome de Jesus, assumir nossas responsabilidades para com o Reino de Deus e para com a vida, afinal, quem tem posto a mão no arado e olha para trás não é apto para a obra do Senhor.
No amor do Pai,
Roger