Esperança

O presente da noiva

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Era minha primeira viagem internacional e, acompanhado de uma amiga e do pai dela, eu iria ministrar em umas 3 ou 4 igrejas, na Flórida e em Connecticut. Era o auge do SOS da Vida que, dentre muitos artistas, trazia ao Brasil a Banda Bride – minha amiga era uma das intérpretes deles. Por isso, uma das paradas obrigatórias da viagem seria na casa do vocalista, Dale Thompson.

Inexperiente e eufórico, embarquei naquela viagem com o dinheiro contado. Acontece que, tal como aqueles filmes tipo “Férias Frustradas”, meu desespero começou logo no desembarque. O carro que alugamos não era exatamente como no anúncio. A gente alugou uma van, veio aquele carro do Mr. Bean – ou entrava a gente ou entravam as malas. Tive que arcar com o upgrade. Pronto, era hora de colocar a fé em ação. A esperança era que as igrejas fossem generosas na oferta. Bem, não foram, mas, hoje, sei que era plano de Deus.

Pra encurtar a história, depois de uma série de frustrações, me vi dirigindo no meio dos States com um carro que, literalmente, dançava na neve. Aquelas carretas gigantescas passavam por nós e buzinavam, não porque alguma criança fizesse o famoso sinal da cordinha, mas porque aquilo era loucura! Foi quando no meio do Kentucky, minha amiga me disse sem graça: “Perdi o endereço e telefone do Dale!”. Fui tomado de um desespero tão grande, que parei num centro comercial qualquer no meio de uma rodovia.

Dentre tantos restaurantes ali, entrei no primeiro que vi e comecei a chorar! Eu estava num nível de stress altíssimo! A atendente veio ver se eu estava bem, quando chegou minha amiga e tentou me acalmar. Liguei pra minha mãe: “Mãe, tô voltando! Tô sem dinheiro pra hotel, pra gasolina e tô no meio do nada aqui”. Sentei novamente, respirei fundo e orei: “Senhor, se foi Você mesmo que me trouxe a esse lugar, eu preciso agora de um milagre!”.

Bom, você vai precisar de muita fé pra acreditar no que eu vou te dizer agora. Quando eu disse “Amém!”, o irmão do Dale, o Troy, simplesmente entrou nesse restaurante. Comprou alguma coisa e, quando estava saindo, viu minha amiga: “Ei, é você!? O que você tá fazendo aqui?” – eu só tenho uma palavra pra descrever o que aconteceu naquele dia: surreal!

Depois de algum tempo em que estávamos ali, ainda tentando entender como, “do nada”, o Troy nos encontrou naquele restaurante, minha amiga explicou que queria entregar um presente ao irmão dele. Ele nem hesitou: “Ok, isso a gente resolve depois, mas vocês não podem seguir viagem, tá nevando demais! Nem sei como vocês chegaram aqui. Vamos pra minha casa e amanhã resolvemos o lance do presente”.

Era finalzinho de tarde quando fomos para a casa do Troy. Logo que saímos da rodovia, pegamos uma longa estrada de chão batido, com árvores gigantescas que faziam um lindo corredor por uma floresta cinematográfica. Ao chegar, entramos pela garagem, que ficava no andar de baixo da casa. Após uma escada caracol, saímos num quarto totalmente rodeado de guitarras na parede. Chegando à sala, um lindo piano de cauda parecia pequeno e solitário diante do tamanho daquela casa. No alto da sala, uma criança nos espiava pelas frestas de um corredor suspenso que ligava os quartos. O Troy me colocou em um deles. Exausto como estava, me joguei no que me pareceu um sofá e apaguei!

No dia seguinte, tive uma experiência inesquecível: fui acordado pelos raios de sol, que cortavam montanhas ainda recobertas de neve. Caminhei descalço por aquele tapete felpudo em direção àquela janela gigante que emoldurava essa cena de paz. Enquanto refletia no cuidado de Deus para comigo, me perdi no cheiro de ovos e bacon que invadiu aquele lugar.

Naquele dia, o Troy nos levou à casa do Dale e finalmente minha amiga entregou o presente. Depois de uma conversa agradável, ele nos convidou para ouvi-lo pregar em sua igreja. Bem diferente dos shows da Bride, assisti a pregação não do rockstar, mas do Pastor Dale Thompson, de gravata, numa pequena capela e que ficava no alto de uma montanha.

Seguimos viagem, ministrei em Connecticut e depois em Tampa Bay na Flórida, e foi em Tampa que o Senhor me abençoou. O pastor gostou tanto de mim, que me deu uma oferta generosa, o que cobriu as despesas extras do cartão e ainda deu pra dar uma passadinha nos outlets de Orlando.

E esse foi o dia em que levamos o presente à Bride (“noiva” em português) e o Senhor me mostrou que, quando Ele envia, Ele se responsabiliza.

Publicado por Roger da Escola

L. Rogério (o “Roger da Escola”) é pai da Bia, fundador da Escola de Adoração, formado em Sistemas, Marketing, Comunicação, Teologia e faz MBA em Mktg pela USP. Fã do Cheescake Factory e de The Big Bang Theory.

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