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Se Deus prometeu, Ele tem que cumprir. Não tem?

O livro de Jonas me encanta, me instiga, me chama. Já perdi as contas de quantas vezes escrevi sobre ele. E ontem, do nada, me senti a Moana sendo convidada pelo mar a mais uma vez ouvir, e neste caso, ouvir o lado de alguém que por pouco não se torna coadjuvante nesta história: Deus!

Falamos demais sobre Jonas, de sua teimosia, de sua arrogância, de seu destempero… eu mesmo já falei até de seu vitimismo, afinal, alguém que pede para ser jogado ao mar por ser o culpado de todos os problemas do mundo ao invés de simplesmente pular do barco é muito clichê, não é?

Esta é uma história extremamente emocional. Não dá para simplesmente lê-la sob as lentes da razão. É preciso muita empatia. Os americanos têm um ditado sobre “usar o sapato do outro”, algo como colocar-se no lugar da pessoa, mas no sentido de sentir o que ela sente, fazer o caminho que ela fez, olhar sob sua perspectiva. Faça isso quanto a Jonas.

Nós temos uma grande dificuldade em olhar para um Deus que muda de ideia. Isso porque temos aquela velha ideia de um Deus sentado em Seu trono que, como quase todo rei, segue à risca um caderninho de regras e normas, até porque, aprendemos com Tiago que nEle “não há mudança nem sombra de variação”.

Porém, me parece, e só me parece mesmo, que Jonas nos apresenta um Deus extremamente relacional. E… arminianos, descansem, não estou flertando com a teologia relacional. Mas é preciso tirar de nosso imaginário um Deus que se relaciona com o homem através de um código binário ou de um diagrama muito bem estruturado de causa e consequência.

Trocando em miúdos? Quem sou eu para determinar Deus, mas me parece que aqui Ele se apresenta como GENTE! Aliás, sem querer parecer arrogante, eu me identifico muito mais com Ele do que com Jonas, muitas vezes.

Deus quer que Jonas faça do jeito dEle e pronto!

“Ah, não vai!? Vamos ver se você não vai mesmo!”
“Ah, vai dormir e me ignorar? Vamos ver se você consegue dormir no meu barulho!”
“Ah, ficou bravinho? Você pode ter dó da plantinha e eu não posso ter dó do povo?”

Veja, eu jamais duvidaria ou questionaria a soberania de Deus, mas Ele mesmo me dá a liberdade de refletir em algo com você. Deus não é um robô. Deus não responde exatamente da mesma maneira a todos, e isso não tem nada a ver com justiça, acepção ou equidade, tem a ver com relacionamento e com propósito.

O humano busca garantia e segurança no relacionamento com o Eterno. “Deixamos tudo! O que receberemos em troca?”, perguntaram os discípulos. Mas, por algum motivo, que só os Céus esclarecerão (ou não), não há nenhuma garantia sob à qual Deus esteja amarrado, nem mesmo de Sua Palavra. “Ah, mas se Ele falou, Ele tem que cumprir” – cuidado, foi exatamente esse o pensamento de Jonas.

O povo não tinha (e nem ouviu) nenhuma garantia de que Deus os pouparia. Mas com muita fé e esperança, eles se arrependeram e se humilharam: “…quem sabe Deus não se arrepende e nos perdoa”. A graça nunca esteve amarrada à Nova Aliança, ela sempre esteve na essência do Eterno.

Ei, você não está condenado debaixo de uma sentença irreversível de dor e sofrimento. Talvez, não haja qualquer garantia de que seu arrependimento conserte a destruição que você deixou atrás de si, mas lembre-se, esse ainda é o melhor caminho em direção ao coração do Pai. Quem sabe Ele não decide consertar pra você?

No amor deste Pai,

Roger