Que saudade da igrejinha…
Meu primo Fabiano tinha negócios aqui em São Paulo, por isso, passava uns dias conosco. Numa daquelas saídas de carro pra buscar refri no mercado, reclamei do barulho irritante do aviso sonoro do cinto de segurança: “Meu, que barulho chato esse!” O primo, com toda aquela tranquilidade nordestina, esnoba: “Eu résulvi esse próblema com um dispusitivu bem légal!” Eu, com todo meu estresse paulistano, já me afobei: “Orrra, meu! Fala aê… que que cê feiz, véi?” – ao que o primo manga de mim: “Fui num ferro véi e comprei só a pontêrinha… Résuvido!”
Eu devia ter desconfiado que um cara que me chantageia por ser a única testemunha da mancha de suco que deixei no sofá de maínha, só poderia estar me zuando (rs), mas a verdade é que a vida é muito simples, a gente é que complica. E eu lembrei disso porque minha amiga Marilia me disse que em tudo Deus tem um propósito. Foi o suficiente pro meu cérebro meio nerd traçar a rota: “Ok, mas e se o Armínio estiver certo e pelo meu livre arbítrio eu escolher errado, Deus ainda terá um propósito comigo? Porque se Ele ainda tiver, então, tanto faz escolher certo ou errado. Certo? Mas… e se o Calvino é que está certo, e eu tiver escolhido errado porque Ele determinou que eu escolheria errado e deu essa zica? Aí, Ele ainda vai manter o propósito, já que sabia que eu ia escolher errado ou vai me rejeitar como fez com Esaú que escolheu errado?”
Foi em meio à essa epifania idiota que lembrei da igrejinha. Dos tempos em que, depois de tocar, sentado literalmente na escadinha do púlpito, ouvia a ministração da Palavra e Deus falava comigo, como aquele dia em que o Pr. Leonardo disse: “Rogério, eu vejo um caminhão de mudança chegando na porta da sua casa…” e poucos dias depois estávamos mudando para o nosso primeiro apartamento. Lembro de quando a Jaqueline me disse, do nada: “Aquele homem vai te pedir perdão!” Eu, sem saber de absolutamente nada, simplesmente concordei, e na semana seguinte um camarada veio me pedir perdão porque ia me matar. Aliás, foi a mesma Jaque que há alguns meses me disse: “Uns americanos vão te convidar e você, aceite porque é de Deus” – meses depois eu estava embarcando novamente pros States à convite (e patrocínio) de uma igreja americana.
Aliás, foi lá, na mesma igrejinha, que logo após ter sofrido aquele sequestro relâmpago, ainda traumatizado, uma irmãzinha veio falar comigo: “Rogério, Deus manda lhe dizer que vai ficar pior!” – confesso que ri da irmã. Dias depois, entraram em minha casa e levaram praticamente tudo de valor, inclusive meu carro, que eu tinha acabado de comprar.
Sabe… não me arrependo de ter estudado, nem mesmo das briguinhas teológicas no intervalo na faculdade. Mas confesso que hoje preciso fazer um esforço maior para trazer à tona aquela simplicidade tão gostosa que tínhamos na igrejinha. Por isso, hoje, sem recorrer a qualquer recurso teológico, te convido a cantar comigo:
“Não pense que a vida acabou
Só lembre que você é vencedor
Você não é ungido pra perder
Com Cristo é vencer ou vencer”
No amor do Pai,
Roger