Por que você me subestima?
Era 1986. Na mochila, além dos livros do Fundamental, ele tinha uma edição de “Seitas e Heresias”¹. Após o intervalo, aquele adolescente prepotente e irritante discutia com seu professor de religião a respeito de práticas judaizantes. Depois de algumas horas de discussão, aquele pirralho cala o professor, que, sem resposta, ralha: “Quem é o autor desse livro???”
Pois é, não é de hoje que refuto heresias. E acredite, não o faço porque gosto de ser do contra. Se quisesse ibope e adulação, partiria para mensagens pop, aquelas que massageiam o ego mais que adolescente apaixonado. Não! Faço isso porque tenho convicção do meu chamado para esse ministério. Simples assim. Não foram alguns chamados para serem profetas, outros para evangelistas e outros para serem pastores? Pois é, fui chamado para ensinar. E a despeito de todo o glamour que muitos exibem em seus ministérios, quem trilha o caminho da apologética enfrenta muito mais desafetos do que o bom senso permite.
Aliás, quem se precipita num tendencioso julgamento a meu respeito, atribuindo-me um sentimento de ódio e vingança por aqueles que deturpam a Palavra de Deus, cai lamentavelmente numa armadilha de Satanás. Sim, dele mesmo, porque o único que aplaude as distorções do Evangelho de Cristo é o tinhoso. Não conhecem o íntimo do meu ser e não têm noção da verdadeira motivação que o Espírito Santo semeou em meu coração há muitos anos, a saber, um amor transbordante pela igreja de Cristo e por aqueles que ainda O receberão como Senhor e Salvador de suas vidas.
E mais, conheço os bastidores, irmão! Não falo de coisas que acho ou deduzo, falo de coisas que vi! Já tive que aturar estrelismos de cantora que arrebata corações num púlpito, mas despreza o pobre. Por outro lado, já fui tremendamente edificado por semear um pequeno valor na vida de um ministro de Deus que merecia muito mais, e mesmo assim me disse: “Se foi isso que o Senhor reservou para mim, eu recebo de coração grato” – Aleluia! É por isso que ainda creio que o joio não contamina o trigo, e nada disso abala a minha fé!
De fato, esses embates ainda não foram capazes de me deter. Até porque, convenhamos, com todo respeito, não se escandalize, mas você acha mesmo que esses jargõezinhos medíocres de gente que mal frequentou uma Escola Bíblica Dominical, que vive uma fé de frases de efeito, que se sente espiritual por comentar “Amém!” em correntes de rede social, que abomina o catolicismo, mas faz de cantores gospel seus ídolos e representantes legais têm qualquer efeito sobre mim? Gente que é incapaz de conviver com as diferenças denominacionais e não acredita que o Espírito de Deus opere fervorosamente numa igreja presbiteriana não merece meu respeito, merece minha compaixão.
Por outro lado, gente que se encheu de tanta teologia e de tanta intelectualidade que não sobrou espaço para ser quebrantado pelo Espírito de Deus não consegue entender o agir de Deus, não consegue sequer respeitar uma tradição pentecostal que não faz mal a ninguém, pelo contrário, é a forma como muita gente simples e sincera abraçou para expressar seu amor e sua dedicação ao Reino de Deus. O mesmo Deus que usa meu intelecto é aquele que contrita meu coração e me leva às lágrimas. Quando Ele me salvou, não levou minha inteligência, mas também não tirou meus sentimentos!
Eu sei, são palavras pesadas e que podem ferir alguns, mas aqueles que são espirituais entendem e por ninguém são discernidos. Muitos podem até brincar ou desmerecer esse tema, mas ele é mais sério do que se imagina:
Uma coisa espantosa e horrível acontece nesta terra: Os profetas profetizam mentiras, os sacerdotes governam por sua própria autoridade, e o meu povo gosta dessas coisas. Mas o que vocês farão quando tudo isso chegar ao fim? – Jeremias 5.30-31
Que o Espírito de Deus nos guarde do Maligno e que possamos ter essa verdade em nossos corações: “Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha”
No grande amor de Cristo,
Roger
(¹) OLIVEIRA, R. Seitas e Heresias – Um sinal do fim dos tempos, CPAD, ISBN 85-263-0388-0