O silêncio do Eterno
Quando falamos em batalha espiritual, muitos são os “especialistas” dessa área. Gente que tenta desvendar mistérios que nem mesmo a Bíblia deu-se ao trabalho de explicar. Gente que tem verdadeiros manuais de guerra com mapas, chaves, demarcações de territórios e muito mais. Como eu nunca aprendi sobre isso na Bíblia, o máximo que posso achar é tudo muito esquisito. Porém, mesmo não sendo um especialista no assunto, me arrisco a compartilhar com você uma de minhas experiências mais recentes. Mas, por favor, não espere esse Star Wars Gospel que vemos por aí, acredito que minha posição neste momento seja mais para um soldado ferido e cansado que não faz ideia de como entrar naquele forte, mas que decidiu compartilhar com você um pouco de água do cantil nessa trincheira.
Minha batalha é esta: há meses Deus está em silêncio.
Pois é, tenho buscado mais intensamente do que nunca. E acredito que esteja buscando da maneira correta, afinal, nenhum diploma tirou de mim as marcas impressas na minha alma pelos meus pais. Aprendi com eles que batalha espiritual se luta com Bíblia, jejum e oração, principalmente de madrugada. E faz tempo que deixei de tentar entender se de madrugada a fila no Céu é menor (rs) ou se simplesmente o silêncio e a mente descansada do dia a dia é que nos permitem derramar a alma com maior intensidade na presença do Eterno.
Sabe… esses dias, depois de muito clamar por uma resposta, confesso: cansei. Cansado, de joelhos, só chorava. Sabia que de alguma forma Ele entendia minhas lágrimas. Sabia que lá do Seu trono Ele me observava pacientemente, sério, talvez com a mão no queixo e, claro, em silêncio… Cansado daquele tempo de busca, já não conseguia mais ficar de joelhos e, sentado no chão, esperava ouvir Sua voz me direcionando, me mostrando uma saída. E acredite, conheço essa voz. Cada vez que preparo uma mensagem, Ele fala comigo claramente sobre o que devo ministrar… Mas não dessa vez.
O livro mais antigo da Bíblia traz também a pergunta mais intrigante de todos os tempos: “Por que o justo sofre?” O tempo, a experiência, a sabedoria e a própria Bíblia nos dão pistas do porquê. Mas a verdade é que depois de caminhar por todas elas, nos sentimos perdidos e insatisfeitos com as respostas. Talvez fosse assim que Jó se sentia depois de ouvir seus amigos e apresentar-lhes sua causa, suas justificativas, seus temores… E, de repente, em meio a tanto sofrimento, num descortinar digno de Hollywood, em meio à uma tempestade, Deus entra em cena. Finalmente! Agora Ele vai explicar a Jó o que aconteceu nos bastidores. Sim! Agora Ele vai contar-lhe tudo, sobre a tal aposta, sobre o propósito daquele teste, enfim… É agora que a trama se desenrola!
Mas para decepção daqueles que aguardam ansiosamente por um final feliz, Deus desconstrói toda lógica humana com questões tão profundas quanto arrebatadoras: “Quem represou o mar?”
“Aliás, já que você sabe tanto, Jó, quem estabelece o limite das ondas e diz onde elas devem se quebrar? Me parece que você sabe como sustentar uma nuvem no ar… Talvez, quem sabe, você já tenha dito ao sol: ‘Ei, já pode nascer, tá bom?’ E falando nisso, onde você estava quando eu fazia o projeto da Terra com suas dimensões e fundamentos?” Enquanto Deus falava, Jó assistia com a mão na boca (40.4) e se apequenava em sua ignorância humana.
Acredite, Deus até gostaria de explicar a você o que se passa nos bastidores. Gostaria de desvendar-lhe todo o Seu glorioso plano. Mas aprenda com a experiência de Jó: “…eu falei de coisas que não entendia…” Philip Yancey diz que explicações de Deus para nós é como tentar explicar a teoria da relatividade a alguém que não sabe o que é um átomo.
Enfim, eu continuo minha busca… Sei que mais cedo ou mais tarde o Senhor me dará um direcionamento. Até lá, quero te dar um conselho que pode salvar nossas vidas neste combate: “Depois que Jó orou por seus amigos, o Senhor o tornou novamente próspero e lhe deu em dobro tudo o que tinha antes.” (42.10).
Então, amigo ou amiga, eu oro por você e você ora por mim. Combinado?
No amor de Cristo,
Roger