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O Evangelho Tiro e Queda

Poucas coisas me parecem tão inúteis quanto a tentativa de proclamar o evangelho que “dá certo”. E não estou falando das pregações midiáticas em que toda a felicidade do mundo pode ser conquistada através de uma contribuição financeira. Falo das receitinhas de bolo daqueles que apostaram na fé e tiveram “sucesso”. E se há uma prática que vemos desde quando ouvir Rebanhão era rebeldia, são os testemunhos em que algum iluminado ou iluminada vem contar à igreja como fez para alcançar tal bênção. E que fique bem claro que não duvido da bênção do Senhor ter alcançado estes tais, apenas me questiono quanto ao mérito disto.

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São metodologias que vão desde os jejuns de 7 dias até as idas e vindas ao monte. De profetizar a sua bênção até amarrar o demônio e suas castas. De cortar chocolate por um mês até fazer um voto de frequentar os cultos de oração. A receita vira na verdade uma salada de frutas entre o certo e o místico, que mais traz azia do que saúde espiritual. E perceba que até em meio aos exageros e sacrifícios de tolo, pode existir coerência. Afinal, o jejum ainda nos lembra do compromisso da consagração. Determinar-se a frequentar os cultos de oração sempre será um exercício espiritual saudável. Portanto, a questão implícita é: qual a verdadeira motivação para todo esse sacrifício?

“Minha filha, se você orar, jejuar, ler o Salmo 91 pela manhã e decretar a sua vitória todo dia às 6 da tarde, é tiro e queda, eu duvido que ele não volte pra casa!”

Me parece que nesta salada, nós confundimos fé com pensamento positivo. E o mais preocupante é que quando a vitória não chega para aqueles que fizeram exatamente como os “vitoriosos” ensinaram, eles são tachados de “sem fé”, de preguiçosos, de não determinados… e o pior, de pecadores indignos de receber a bênção.

Filho, filha… Se te apresentaram um evangelho que “dá certo”, esqueça! Esse não é o evangelho da cruz. Jesus nunca dourou a pílula. Pelo contrário, o convite era mais ou menos assim:

“Ei, você não quer me seguir? No lugar para onde vou há muitas moradas, não existe dor ou tristeza e a vida por lá é eterna. Mas prepare-se, para andar comigo você será odiado e perseguido pelo meu nome, e durante a caminhada você terá muita aflição. Aliás, você corre até mesmo o risco de morrer por amor a mim.”

É… pensando bem, não nos parece um convite muito agradável. Aliás, poucos pregadores têm coragem de contar essa parte, afinal, ela não dá ibope e nem rende novos convites. Portanto, aqueles que decidiram seguir o Mestre e o evangelho da cruz, o fizeram realmente por amor. Se a caminhada vai “dar certo” ou não, esta, definitivamente, não é a preocupação de Seus discípulos. Na verdade, eles sabem que se fizerem a Sua vontade, que é boa, agradável e perfeita, um dia estarão com Ele para sempre. E isto lhes basta.

Quanto à bênção? “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido (…), vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.” – João 15.7;14

Sabe porque tudo é concedido aos que estão nEle? Porque quem está em Cristo não pede nada que não seja para glória do nome dEle, e não do seu.

No amor de Cristo,

Roger