O culto da vida
“Pedro declarou: ‘Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!’. Respondeu Jesus: ‘Asseguro-lhe que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes você me negará’” Mc. 14:29-30
Há um componente do culto cristão que pode ser extremamente traiçoeiro: a emoção. Sim, porque esse discurso de “deixe os seus problemas do lado de fora” é algo que não combina com o ajuntamento cristão. O culto é, sim, lugar de se trazer os problemas e as angústias para dividi-las com nossos irmãos em Cristo.
Contudo, esse ambiente pode ser traiçoeiro à medida que ele nos empolga e faz com que nos sintamos invencíveis. Sim, porque em meio a tantos falsos profetas da atualidade, previstos por Jesus (Mc. 13.22), o culto se tornou uma verdadeira reunião de autoajuda para estes. A música, a luz, a empolgação, as palavras positivas, tudo é feito do homem para o homem.
Ao entender que se está num ambiente seguro, com aquela música quase transcendental, rodeado de pessoas boas e ouvindo a mensagem de um profeta “tão conectado” com Deus, o ser humano se abre emocionalmente e é invadido por uma coragem indescritível: “Nada pode me vencer! Eu posso todas as coisas! Ninguém vai me derrubar”.
Ao apagar das luzes, à medida que esse crente vai se distanciando daquele ambiente de euforia, vai se apagando também sua devoção. Então, “a carne é fraca”, que antes era um alerta de Jesus, transforma-se agora numa desculpa muito conveniente para pecar (Mc. 14.38). O Pedro, antes pronto para a morte, agora é assassinado pela realidade da cruz.
A igreja não pode ser o seu lugar de refúgio. O culto não pode ser o seu recarregador de baterias. As canções não podem ser suas declarações de fé. Somente Cristo é, de fato, nosso refúgio. Somente a oração do quarto recarrega, de fato, nossas baterias. Somente a leitura devocional da Palavra é, de fato, nossa declaração de fé.
Não basta ter vida no culto, é preciso ter culto na vida.