No poço ou na praça?
Em tempos de Instagram, a fotografia tem sido corrompida. Se antes, uma imagem tinha a nobre missão de eternizar, hoje ela perdeu-se no ostentar. Claro que para um fotógrafo, chamar selfie de foto é heresia, mesmo assim, a vitrine virtual esbanja alegria, beleza e muito equilíbrio emocional.
Mas, se em geral ostenta-se a felicidade, nós, os crentes, ostentamos espiritualidade. Sim, porque nenhum crente ou worshipêro que se preze perde a oportunidade de postar aquela foto de adorador extravagante, não é? E não, não estou condenando, eu mesmo tenho várias fotos de adoradorzão consagrado.
Contudo, assim como na maioria das vezes mente a foto de toda aquela plenitude na praia, muitas vezes também, mente a foto dos braços erguidos, da carinha espremida pingando lágrimas de adoração. Oras, só o Eterno sabe a real devoção de cada um, mas não se engane – há dois tipos de adoração muito bem delimitadas por Jesus: a do poço e a da praça.
A adoração do poço é a da solitude, dos rejeitados, dos perdidos em suas batalhas diárias e em seus infinitos questionamentos sobre a dor e o sofrimento. Já a da praça, é a dos que ostentam sua certeza a respeito de tudo, são modernos, são admirados, são plenos. Os chamo de adoradores da praça porque, como disse Jesus, “Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens” (Mt. 23:5).
Essa geração tem chamado tudo aquilo que é disciplina espiritual de religiosidade. Menosprezam o jejum e a oração iludindo-se na distorção do “tudo já foi pago”. São ignorantes preguiçosos! Um pouco de teologia lhes ensinaria que Jesus condenou a hipocrisia, não a religião!
Jesus disse que essa adoração da vitrine é inútil. Que os lábios cantam a graça, mas do coração, jorra a maldade (Mc. 7.21-23). Minha pergunta pra você neste dia é apenas uma: você adora no culto ou no oculto? Porque um, quer deles o aplauso, o outro, quer Dele a presença.
No amor do Pai,
Roger