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Há uma velha canção que me traz uma paz de espírito que eu não sei explicar exatamente o porquê. É uma daquelas músicas da Antena 1 – rádio paulista que toca muitos clássicos internacionais. Você já deve até ter ouvido-a no Uber ou na sala do dentista.

“Sailing”, de Christopher Cross, não tem nada de muito especial. Talvez seja só mais uma dos anos 80, mas aquela batera reta e o Chorus na guitarra me remetem a um tempo em que minha única ansiedade era chegar ao colégio e sofrer pela minha paixão proibida: a professora de português. Entendeu porque eu tirava notas boas em redação?

Curiosamente, a música fala de uma viagem que, se o vento estiver bom, poderá te levar até a alegria da inocência novamente, à Terra do Nunca. O poeta diz ainda que enquanto ele está nesse devaneio, cada palavra é uma sinfonia. E talvez seja esse o nosso querer: ouvir uma palavra que nos leve de volta ao tempo em que éramos inocentes e acreditávamos na Terra do Nunca.

Parece-me que nutrir essa expectativa é o que a Bíblia quer dizer com “trazer à memória aquilo que nos traz esperança”. Porém, mais que um devaneio, a Escritura me dá um segundo remo: a oração de Habacuque: “Faz de novo, Senhor, em nossa geração, o mesmo que o Senhor fez no passado!”

Talvez, e só talvez, seja essa tal maturidade que nos impede de acreditar que Ele pode fazer de novo, restaurar, curar, abrir o mar. A dificuldade de crer talvez esteja em nossas lentes adultas manchadas pela razão. É preciso fechar os olhos, vestir as roupas velhas da inocência e, como menino correndo de pés descalços, acreditar que Ele ainda faz.

Em nome do Eterno, pare de raciocinar com a limitante lógica humana. Ele não está preso a ela! Aliás, Ele não está preso a nada: nem ao tempo, nem às suas escolhas, muito menos ao querer humano – Ele é soberano! Ele só precisa dizer, pois uma palavra Sua nos basta. Creia, Ele dirá “Haja!”.