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Não dá pra pular etapas

Eu tive depressão. Por um ano, fiquei trancado na casa dos meus pais. Não ia à igreja, não passeava, não comia direito, fugi dos amigos, fugi dos meus pastores, fugi da vida. Meu espaço de existência se resumia a um quarto. Com um esforço descomunal, conseguia caminhar pelas manhãs e isso me fazia bem, mas a noite chegava. Sempre chegava.

E dentre tantos amigos preciosos, Deus me presenteou com várias psicólogas, profissionais experientes e capacitadas que me auxiliavam a não me perder de vez. Mas de todas elas, sem dúvida, a mais experiente era mamãe.

Mamãe não é graduada em nada, embora tenha sido gerente financeira de uma indústria. Mamãe fala bem, se relaciona com Deus e o mundo (literalmente), tem uma inteligência extraordinária, mas nada disso se compara com sua maior arma: mamãe ora.

Você pode ser a pessoa mais influente do mundo, ter milhares de seguidores, grana, status, prestígio e poder… tudo isso é pó diante de uma pessoa que ora. Se você for agora à casa dos meus pais, enquanto eles estão no trabalho, verá no cantinho do sofá uma fralda dobradinha. Sim, porque lenço não dá conta de orações da alma de uma mãe convertida.

No meu processo de terapia com essa mulher de oração, muitos foram os conselhos, reflexões e puxões de orelha, mas uma de suas frases, em especial, se tornou meu mantra naquele ano de calabouço: “Filho, não dá pra pular etapas”.

Eu não sei como isso funciona na didática acadêmica, mas na terapia que tive à base do jejum, oração, Bíblia e conselhos, entendi que a melhor maneira de superar os processos de dor é encarando-os. Mamãe certamente não sabia que a última fase do luto é a aceitação, mas há um Deus nos Céus que revela aos Seus o profundo da sabedoria.

Eu sei que quando estamos nos processos de perda e dor, nosso desejo é simplesmente nos livrar daquilo que nos aflige. Porém, não dá pra ir do verão à primavera! É preciso contemplar suas folhas caindo, e entender que, mesmo que você tenha semeado bem, não é você que as sustém. E mais, antes de novamente florescer, você vai passar frio, provavelmente sozinho, e vai ter que se virar para se aquecer.

Infelizmente, a vida não é tão bela quanto a poesia. Sua realidade, às vezes, é cruel e injusta. Mas Deus sempre nos dá uma âncora que podemos jogar ao mar em tempos de desespero para não nos perdermos na tempestade. A minha âncora é uma mãe de joelhos todos os dias por minha vida. À ela, meu carinho, respeito, amor e submissão neste dia tão especial em que posso dizer: “Feliz aniversário, mãe. Te amo!”

No amor do Pai,

Roger