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Mais uma tragédia acaba de acontecer!

Num único dia, ainda em fevereiro, vimos no noticiário o que parecia ser a Retrospectiva 2019. A morte do jornalista Ricardo Boechat precedia as cenas dos enterros dos adolescentes jogadores do Flamengo e de notas sobre os corpos soterrados em Brumadinho. Ainda temos as notícias sobre o temporal no Rio que deixou 7 mortos, e a guerra entre polícia e bandidos que contabilizou 13 mortes em Santa Tereza, Rio de Janeiro. Ao todo, só neste início de ano, já morreram 350 pessoas vítimas de tragédias no Brasil, além dos 160 desaparecidos em Brumadinho, já dados como mortos.

Eu jamais seria leviano em minimizar a importância de todos esses acidentes, incidentes e tragédias. Como cristãos e humanos, é nosso dever orar, prestar condolências, externar nossa indignação e, acima de tudo, agir como verdadeiros filhos do Eterno em algum tipo de engajamento social que minimize a dor dos sobreviventes. O único sentimento que pode aliviar o clima desesperador sob o qual estamos vivendo este ano é a fraternidade e o respeito pela dor humana. Somos frágeis e extremamente vulneráveis.

Porém, é preciso lembrar que o país só está constrangido e entristecido porque todos esses fatos chegaram ao nosso conhecimento. E é aqui que compartilho com você um contraponto a todo esse cenário de tragédias. Todos os dias, pessoas estão morrendo não apenas ao redor do mundo, mas muitas vezes ao nosso lado. Não me refiro à acidentes ou incidentes, mas às dores da alma, que na maioria das vezes acabam matando lentamente, dia a dia, silenciosamente.

Há alguns dias, decidi compartilhar no Instagram, um pouco do período de depressão pelo qual passei. Longos dias trancafiado num quarto, sem querer ver ninguém, reunindo forças para receber pelo menos minha filha. Quando dei por mim, já fazia mais de 1 ano esta situação. Ao pincelar isso nos Stories, recebi uma enxurrada de depoimentos de amigos, muito próximos, que sofrem deste mal, alguns deles, inclusive, que tentaram o suicídio (estou falando de amigos próximos!). Fui obrigado a suspender o assunto porque não dei conta de tanta gente pedindo conselhos e ajuda. Estou pedindo a Deus, em oração, que me direcione a uma forma de ajudar essas pessoas.

Mas a verdade é que, mais do que postar lamentos nas redes sociais, precisamos olhar à nossa volta e fazer um exercício dos mais simples do mundo: se importar! Porque a cada minuto acontecem tragédias pessoais debaixo do nosso nariz, e nós simplesmente ignoramos. É nobre entristecer-se com todas essas tragédias nacionais, mas precisamos também olhar com cuidado as tragédias locais.

Você pode ser um cristão dedicado, conhecedor da Palavra, frequentador de cultos dominicais, mas se não decidir se importar com o seu vizinho, nas palavras bíblicas, seu próximo, você estará falhando completamente na sua missão.

Você não precisa de formação pastoral, psicológica ou mesmo cristã para se importar. Não é a sua missão resolver o problema do outro, mas é seu dever humano simplesmente ouvir. E acredite, isso já será o início de uma provável terapia. Que o Senhor nos dê empatia.

No amor do Pai,

Roger