Como assim, “depressão”? Você vive sorrindo!
Talvez nós, os crentes, tenhamos avançado um pouquinho quando o assunto é depressão. São poucos os que se atrevem a associar “o corte que não sangra” ao diabo ou à falta de oração. Claro, sempre existirão aqueles que só conseguem enxergar a dor do outro do alto de seu pedestal de sanidade ou pseudossantidade, porém, isso não muda a realidade de que é cada vez mais assustadora a quantidade de crentes em Cristo Jesus que sofrem da doença.
E isso nos é ainda mais nocivo, porque trazemos em nosso histórico evangelístico o bordão do “Venha para Jesus e pare de sofrer”. Dizer que essa frase pode não ser totalmente verdade pode ser uma afronta a qualquer cristão mais fervoroso, mas a verdade bíblica é que os nossos maiores referenciais de fé e perseverança foram marcados por angústia e dor, ou você acha normal alguém sair sozinho e errante pelo deserto, sentar à beira de uma árvore e pedir a própria morte ao Senhor?
Parte-nos o coração, ler o relato do salmista: “Estou encurvado e muitíssimo abatido; o dia todo saio vagueando e pranteando. (…) Meu coração palpita, as forças me faltam; até a luz dos meus olhos se foi. (…) Estou a ponto de cair, e a minha dor está sempre comigo.” (Sl. 38:6,10,17)
Contudo, a verdade é que o depressivo trabalha, almoça com os amigos, vai ao mercado, sorri para o atendente, vai à igreja, dá “Glória a Deus!”, canta “Aleluia!”, e muitas vezes, chega em sua casa e sofre calado por sentir uma dor que ninguém explica. Como crente, pensa ele, aquilo é totalmente incompatível, não faz sentido, não pode ser! Assim, volta para o próximo culto com um sorriso nos lábios e dá gargalhadas com você na cantina.
Minha oração hoje é que possamos ser ouvidos para as pessoas que sofrem desse mal. Que tenhamos a coragem não apenas de dizer que elas precisam de ajuda médica, mas que nós sejamos a ajuda do alto, prontos a ouvir, tardios a julgar.
“O riso pode esconder o coração aflito, mas, quando a alegria se extingue, a dor permanece.” Pv. 14:13