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Predadores

“Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue. Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de advertir a cada um de vocês disso, noite e dia, com lágrimas.” At. 20:28-31

Se você acompanha meu ministério, já deve ter percebido o quanto combato as distorções do Evangelho. E se você tem paciência ou curiosidade para ler os comentários nos meus posts com teor apologético, já deve ter percebido o quanto sou atacado. Não, esse não é um vitimismo barato, tampouco a tentativa de ouvir palavras motivacionais (o que nos faz muito bem, mas não é esse o caso).

O caso é que esse texto de Atos nos dá a dimensão com que Paulo tratava as distorções da verdade. O apóstolo diz que durante 3 anos, noite e dia, em lágrimas, ele advertia o presbitério: “Ei, vigiem! Vão surgir lobos ferozes, até mesmo entre vocês! Esses caras não vão poupar o rebanho, cuidem dessas ovelhas! Elas foram compradas com sangue!”

Ei, pastores, pastoras, mestres, obreiros do Senhor, não permitam que esses lobos disfarçados de ovelhas distorçam a verdade a fim de agradar o ouvido das pessoas. Essas mensagens desviam o rebanho de seu caminho e o levam para o inferno! Vejam a importância que o apóstolo dava a esse cuidado, dia e noite falando a mesma coisa: “Cuidado, eles estão entre vocês!” – ele dizia isso chorando!

Não, amigos, os ataques não vêm de pessoas – vêm do próprio diabo! Nossa luta não é contra a carne (pessoas), mas contra os demônios que atuam através delas! Se o próprio Pedro, num momento de fraqueza, deu lugar ao diabo, imagina um crente amargurado!

Que o Senhor guarde nossos pastores! Lhe incentivo fortemente a interceder pela vida dos seus pastores nesse momento, para que o Senhor os fortaleça e lhes dê visão espiritual plena para identificarem os lobos e repreendê-los em nome do Eterno.

No amor do Pai,

Roger




A pergunta que cala

Recentemente, me mandaram ler mais a Bíblia. Quando li aquilo, estava no meio da reflexão que escrevo diariamente para o grupo de leitura bíblica que dirijo com o Diego e o Du. Naquela noite, tinha que ler artigos sobre a Missio Dei para as atividades da faculdade de teologia. Também tinha que preparar 6 sermões para 2 retiros de carnaval em que vou ministrar. Aquela havia sido uma semana cheia de problemas e ataques pessoais de todos os lados, por isso, aquelas palavras me derrubaram como há tempos não acontecia.

Então, indignado, olhei para aquele ataque despropositado e para a quantidade de textos bíblicos que eu estava lendo, e liguei para minha mãe! Liguei nutrido de argumentação consistente e de provas cabais do quanto eu lia a Bíblia e me preparava antes de escrever. Enquanto desabafava toda aquela carga emocional e aquele zilhão de justificativas, mamãe interrompeu e perguntou com precisão cirúrgica: “Você está orando?”

Diante da pergunta, toda aquela pilha de textos e atividades acadêmicas pareciam agora meras folhinhas espalhadas pela sala. Minha pós em Comunicação e minhas atividades como redator, nas palavras de Paulo, eram como esterco! Olhei para o meu relógio de oração e vi que não havia acumulado sequer 1 hora naquela semana, uma semana de tanto desgaste emocional que exigia no mínimo 1 hora por dia!

O texto, alvo do ataque, tratava da constatação óbvia das feridas da alma numa igreja local – pessoas ferem pessoas. Amarga ironia! Mas absolutamente nada naquele texto sobreviveria à pergunta da minha mãe. Na verdade, nenhum argumento suporta a triste realidade da causa dos nossos maiores problemas: nós não oramos o suficiente!

A oração muda o foco. À medida que vamos mergulhando no diálogo com o Pai, tudo aquilo que está em primeiro plano vai perdendo a nitidez. Pouco a pouco, os problemas e as mágoas, tão saturados, de cores tão vivas, vão se tornando borrões, até que conseguimos enquadrar o verdadeiro assunto da foto: Cristo!

Não! A oração, na maioria das vezes, não elimina o problema, mas nos faz enxergar o que de fato precisamos ver: “Ao erguer os olhos, a ninguém mais viram, senão somente a Jesus.” (Mt. 17.8).

Já orou hoje?




Uma prisão chamada desconfiança

Em seu leito de morte, Jacó faz um pedido a seu filho José: “Não me sepulte no Egito!”. Porém, mesmo José aceitando o pedido de seu pai e lhe garantindo que lhe atenderia, Jacó insiste: “Jure-me!”. Oras, José já havia provado sua lealdade e seu caráter. Mesmo diante da traição de seus irmãos, perdoou e os acolheu. Porém, há um mal na vida de quem faz da mentira sua aliada: o mentiroso acha que todos são mentirosos.

O mentiroso simplesmente não consegue acreditar que as pessoas possam viver sem mentir, isso pra ele é utopia.

José também já havia dado todas as provas de seu perdão para com seus irmãos em lágrimas! A Bíblia diz que ele chorava tão alto, que o palácio inteiro ouviu, chegando a notícia até o Faraó. Mas para seus irmãos, isso não era suficiente. Por isso, inventaram mais uma mentira: “O pai, em seu leito de morte, mandou você nos perdoar!”. Assim, mais uma vez, José tem que reafirmar que os havia perdoado.

Talvez, o maior problema do mentiroso é que ele carrega culpa pro resto da vida. Nem ele mesmo se perdoa, e vive nessa prisão da desconfiança. Suspeita de tudo e de todos.

Se você já fez de tudo para provar sua lealdade a alguém, e mesmo assim ainda há desconfiança, acredite: você não tem culpa! Descansa o teu coração, seja íntegro e entregue essa situação nas mãos do Eterno, só Ele pode libertar o mentiroso de suas correntes.

No amor do Pai,

Roger




Jesus chorou

Parece-me que a notícia ruim chegou em tom de cobrança: “Olha, o seu amigo, aquele a quem você diz amar, está muito doente!”. Parece-me também que Jesus recebe-a com toda a tranquilidade do mundo: “Tá tudo bem, ele não vai morrer. Deus tem um propósito nisso.”. Sabe quando a calma de alguém te irrita? Só depois de 2 dias é que Jesus diz: “O Lázaro tá morto. Agora, sim, nós vamos lá!”. Tomé, aquele que dizia o que todo mundo queria dizer, mas não tinha coragem, ironiza na caruda: “Bora lá morrer com ele também… Assim já morre todo mundo e acaba logo com isso!”

Jesus, claramente seguindo a agenda divina, para fora da aldeia, como quem espera o momento exato de agir. É possível imaginar a serenidade do Mestre, sem mexer um fio de cabelo, nem mesmo com a agitação de Marta: “Você não estava aqui, por isso, meu irmão agora tá morto!”. Ainda seguindo Seu script, Jesus não diz exatamente o que Marta queria ouvir. Que agonia! Ele sabia que ia ressuscitar o morto, mas insiste nessa coisa de parábola. Não disse de uma vez para os discípulos que o amigo estava morto, agora, não diz de uma vez que vai ressuscitar o irmão da Marta! Por que Jesus é assim?

De repente, Sua calma e tranquilidade dão lugar à indignação. Ouso arriscar o que Ele pensou ao ver todos chorando pela morte de alguém tão querido: “Não era para ser assim!” Suponho isso porque quando começa o burburinho do “Ué, tanto poder e não fez nada?”, Jesus fica indignado novamente. Sim, porque a culpa não é dEle, é nossa! No Éden, nós pecamos! O plano sempre incluiu vida eterna.

Ei, você acha que Jesus fica feliz em ter que seguir um plano em que você sofre? Você acha que Ele se alegra em ter que esperar o tempo certo para lhe abençoar? Não, não creio num Deus sádico assim, creio que Ele chora! Chora porque o pecado nos tirou do plano original e agora sofremos as consequências.

Talvez essa palavra não traga a resposta que você busca, talvez você esperasse um final triunfante de vitória. Contudo, lembre-se: Ele não deu a resposta que Marta queria, mesmo sabendo o que ia fazer. Também não entendo, também choro… mas tudo o que sei é que é muito bom saber que Ele chora conosco. Chorai com os que choram.




Por que a igreja machuca tanto?

Quase todo crente que se preze tem ou conhece alguém que já teve problemas de relacionamento em uma igreja evangélica. Não à toa, surgiram os desigrejados – gente que ama ao Senhor, mas simplesmente desistiu de congregar numa comunidade de fé. Pessoas que foram expostas, segregadas ou machucadas em sua alma e, hoje, carregam feridas que ainda sangram.

Eu jamais seria polianista, ao ponto de minimizar os estragos feitos pela igreja, mas é preciso colocar todas as cartas na mesa. Olhar para a igreja como sendo o único lugar neste mundo em que as pessoas não são aquilo que dizem ser é algo, no mínimo, infantil. Oras, quem nunca sofreu assédio moral no trabalho? Quem nunca foi humilhado publicamente por um chefe idiota é privilegiado sim! Quem não vive um verdadeiro Big Brother diariamente no trabalho, ou é dono da empresa, ou tá desempregado.

Talvez, o maior sacrilégio seja acreditar que a igreja é feita de anjos. Não podemos ignorar o fato de a Pedra fundamental ter-nos dito que o joio DEVERIA crescer com o trigo. Não, isso não é uma desculpa, isso é mera constatação: a igreja é feita de gente, e gente fere gente! Não importa quão admirável e séria seja uma igreja, se ela é feita de gente, vai ter problemas. Aliás, se você encontrar uma igreja perfeita, não vá pra lá, porque você vai estragá-la!

Mas a verdade é que o Espírito Santo ministrou uma palavra ao meu coração e eu queria compartilhá-la com você: não use suas feridas para justificar seu abandono da fé! Eu sei, é uma palavra dura, mas remédio bom é remédio amargo. Veja, quando você é mal tratado em uma farmácia, você não diz: “Nunca mais na vida eu piso em uma farmácia!”. Oras, você simplesmente troca de farmácia, porque você sabe que em algum momento vai precisar de remédios.

Em nome do Eterno, entenda definitivamente que igreja é um lugar para exercitar comunhão, paciência e perdão. Igreja não é mosteiro, é só um ajuntamento de gente difícil e insuportável como eu e você, flor de jasmim! Porque, esteja certo de uma coisa, Ele vem! E quando Ele vier, essa desculpa de irmão birrento do “foi ele que começou” não vai colar! E duas coisas nessa vida não se pode fazer sozinho: casar e ser igreja.




A arritmia do Eterno

Sabe quando a pressão da vida te descompassa? Pois é… Semana passada aconteceu comigo. Quando você pensa que a vida retomou o ritmo, o Maestro dá uma fermata que você não percebeu. Quando você acorda, lá está Ele, segurando inerte a batuta da vida, enquanto você sua frio, sem saber quando volta a simples melodia do viver.

Foi em uma dessas longas pausas que surtei. Não é fácil entender que pausa também é música, mas graças a Deus tenho pais que conhecem a melodia da vida de cor e salteado. Assim, se prontificaram a jejuar e orar por mim. Ontem, depois de uma semana desse propósito, eles vieram aqui em casa entregá-lo.

E enquanto eu fazia um café, eles ensaiavam para aquele lindo concerto na sala da minha casa. Aquele simples dueto, tão cativante, tão presente em minha história, misturado ao cheiro gostoso de café fresquinho foi me trazendo paz, conforto e esperança. Mas algo me desconcentrou e me fez sorrir: mamãe tem arritmia musical. Explico!

Mamãe canta bem. Canta com a alma. Mas mamãe não consegue retomar sozinha as “cabeças” do compasso. Sabe quando o maestro conta “um e dois e três e quatro”? Mamãe entra sempre no “e”. Porém, papai toca bem. Muito bem! E como o estilo dele é chorinho, ele acompanha e sola ao mesmo tempo. Assim, ao solar a melodia, ele ajuda-a a cantar corretamente.

Mas, espere, eis a maior prova de amor que eu já testemunhei em toda a minha vida vendo essa cena: papai erra com a mamãe! Sim, ele não a ajuda a entrar no tempo certo, ele erra também a entrada da nota! Assim, ela pensa que está cantando no ritmo certinho, enquanto, na verdade, é ele quem está tocando “errado”.

Isso me fez entender algo muito sublime: quando achei que estava colhendo bons frutos por ter semeado bem, entendi que enquanto eu dormia, era o Eterno que havia arrancado todas as ervas daninhas pra mim. Plantas invasoras que eu mesmo permiti, talvez sem perceber, que estivessem ali.

Moral da história: no concerto da vida, não sou eu que acerto, é o Eterno que conserta pra mim.




Some, que ele vem atrás!

Uma das maiores reclamações das mulheres é o mantra: “Homem é tudo igual!”. Mas, ironicamente, a rainha da sofrência decidiu concordar com essa máxima, já que aconselhou à “Anitta do céu”: “Some! Some que ele vem atrás”. Bom, toda generalização é cruel e quase sempre injusta. Por isso, vamos concordar que ninguém é igual a ninguém. Porém, o conselho da Marilia serve para um determinado tipo de homem. ⠀
Pensa! Se você sumir, sabe qual é o cara que vai vir atrás? O que não aceita te perder – não porque te ama, mas porque vai ficar mal na fita com os zamigo.

Sabe quem é o cara que vai vir atrás? O dependente emocional. Aquele que não suporta a ideia de viver sem você, não porque te ama, mas porque não tem personalidade suficiente sequer pra escolher uma camisa sem você. É esse ser pegajoso que você quer que volte?

Sabe quem é o cara que vai vir atrás? O ciumento! Aquele que fez perfil fake pra te stalkear. Esse volta, não porque te ama, mas porque se acha seu dono, e não vai deixar ninguém se aproximar de você.

Sabe quem é o cara que vai vir atrás? O submisso. Aquele que a Dona Sofrência disse que volta pianinho. Esse cara não tem voz ativa pra nada, você vai poder mandar nele, vai ser seu bichinho de estimação. Esse, volta!

Mas péra! Tem um cara que não volta… nunca mais! Sabe quem? O cara que entende que, se você terminou, é porque, no mínimo, você precisa de espaço. É o cara que não quer a coisa assim, forçada, sem paz, sem você se sentir bem na relação. Esse cara não volta!

Mas calma! Tem outro cara que não volta. O cara que respeita suas decisões. O cara que sabe a mulher decidida e firme que você é, por isso, ele sabe que não adianta insistir com você porque você não seria moleca pra ficar brincando com término de relação. Seria? Esse cara tem uma saúde emocional tão equilibrada, que ele sabe que precisa se concentrar no trabalho pra te esquecer. Bom, esse cara… volta não!

Mas… pode ser que haja um cara idiotizado e estereotipado exatamente assim como querem te vender. Alguém que vê você se embebedando na balada pra mostrar que tá bem, e que acha isso o máximo e, por isso, vai vir atrás. Ele vem, mas… é esse mesmo que você quer?




Navegar

Há uma velha canção que me traz uma paz de espírito que eu não sei explicar exatamente o porquê. É uma daquelas músicas da Antena 1 – rádio paulista que toca muitos clássicos internacionais. Você já deve até ter ouvido-a no Uber ou na sala do dentista.

“Sailing”, de Christopher Cross, não tem nada de muito especial. Talvez seja só mais uma dos anos 80, mas aquela batera reta e o Chorus na guitarra me remetem a um tempo em que minha única ansiedade era chegar ao colégio e sofrer pela minha paixão proibida: a professora de português. Entendeu porque eu tirava notas boas em redação?

Curiosamente, a música fala de uma viagem que, se o vento estiver bom, poderá te levar até a alegria da inocência novamente, à Terra do Nunca. O poeta diz ainda que enquanto ele está nesse devaneio, cada palavra é uma sinfonia. E talvez seja esse o nosso querer: ouvir uma palavra que nos leve de volta ao tempo em que éramos inocentes e acreditávamos na Terra do Nunca.

Parece-me que nutrir essa expectativa é o que a Bíblia quer dizer com “trazer à memória aquilo que nos traz esperança”. Porém, mais que um devaneio, a Escritura me dá um segundo remo: a oração de Habacuque: “Faz de novo, Senhor, em nossa geração, o mesmo que o Senhor fez no passado!”

Talvez, e só talvez, seja essa tal maturidade que nos impede de acreditar que Ele pode fazer de novo, restaurar, curar, abrir o mar. A dificuldade de crer talvez esteja em nossas lentes adultas manchadas pela razão. É preciso fechar os olhos, vestir as roupas velhas da inocência e, como menino correndo de pés descalços, acreditar que Ele ainda faz.

Em nome do Eterno, pare de raciocinar com a limitante lógica humana. Ele não está preso a ela! Aliás, Ele não está preso a nada: nem ao tempo, nem às suas escolhas, muito menos ao querer humano – Ele é soberano! Ele só precisa dizer, pois uma palavra Sua nos basta. Creia, Ele dirá “Haja!”.




Escolha!

É verdade que o ser humano é uma caixinha de surpresas, mas não podemos negar que, de forma geral, somos bem previsíveis. Ao que me parece, todo mundo quer ter um bom emprego, um lugar para morar e alguém para dividir as alegrias da vida. Sabemos que isso não vem da noite pro dia, então, escalamos uma grande montanha de problemas e desafios a fim de chegar ao topo, pois é lá que nos espera a tão sonhada estabilidade, o controle, a foto perfeita que congelará esse momento.

Então, como cristãos, acreditamos piamente que o Eterno nos dirá exatamente qual o caminho a seguir, que faculdade cursar, qual a melhor oferta imobiliária e, principalmente, com quem devemos casar. O que a princípio poderia denotar submissão e obediência, é na verdade mero eufemismo para nosso maior medo nessa vida: escolher errado.

Jamais seria arrogante ao ponto de achar que resolvi a problemática do dilema teológico histórico do escolher. Mas talvez haja um ponto de convergência em que podemos concordar em paz: não podemos terceirizar a culpa por nossas escolhas. “Foi a mulher que o Senhor me deu!” – disse Adão, de quem herdamos a mesma terceirização infantilizada pelo desespero das consequências de nossas burradas.

Em nossa ansiedade, corremos atrás de profeta, abrimos a Bíblia aleatoriamente, pedimos conselhos ao pastor, “Ah, se ao menos Deus me desse um sonho…”, “Mãe, o que você acha?”, “Amiga, o que você faria no meu lugar?”. Tudo isso não passa de fuga! Incertezas que brotam da nossa ilusão de que servir a Deus nos blinda das tragédias da vida.

Para Abraão, Ele apenas apontou o caminho. Para os discípulos, Ele apenas disse: “Sigam-me”. Estar em Cristo não é ter a certeza de que tudo vai dar certo do ponto de vista humano, é saber que não importa o resultado das escolhas, importa estar nEle, porque nEle, a dor é amenizada pela esperança e a tristeza tem consolo garantido.

Não somos mais crianças! Sabemos das consequências de nossas escolhas e que o amanhã pertence a Ele. Afinal, se soubéssemos o futuro, não precisaríamos de fé. Então, leia a Palavra, peça a Ele discernimento, sabedoria e ore, crendo, que Ele estará com você, aconteça o que acontecer. Que o Eterno te dê paz!




Não quer brincar, não desce pro play!

Uma das obras literárias mais traduzidas no mundo deixou-nos um mandamento: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Embora Le Petit Prince jamais tenha tido um Insta, ele tinha uma rosa que certamente seria Youtuber! Convencida e orgulhosa, a rosa (única em seu mundo) era a rainha do melodrama! Mesmo assim, a raposa convence o principezinho de que o tempo que ele havia “perdido” com a rosa fazia dele responsável por ela.

Porém, bem diferente do B-612, nosso mundo ainda não aprendeu a lidar bem com a responsabilidade do cativar. No esvaziamento das palavras, trocamos o gostei por dois cliques. Na verdade, nós criamos um novo idioma, também vazio, chamado xaveco. E se na época dos nossos pais, ele era traduzido por jogar uma pedrinha no portão da casa dela, hoje, basta curtir umas 30 fotos na sequência.

Goste você ou não, esse idioma tem sotaques que precisam ser bem traduzidos – e nem todo mundo fala bem essa língua. Enquanto para uns, “gostei” significa simplesmente isso, para outros, é a incorporação do Greg, todo empolgado, dizendo pro embuste: “Cara, ela tá tão na sua!” O tema fez até com que @ocaradocartaz explicasse: “Sou legal, não tô te dando mole”.

Mas, diante de tantos dialetos, me perguntou uma amiga: “Se ele não queria nada, pra quê ficou no meu pé?”. Minha vontade era responder: “Porque é um imbecil”, mas contive e filosofei: “É só mais um Caçador do Flerte”. É gente que é viciada no flerte pelo flerte. Em ver a mina se derretendo pelas frasezinhas prontas de para-choque de caminhão. E não! Não é só a bobinha que cai nessas, é a de coração bom também. É a que não vê maldade no outro, porque seu coração não é mau. É a que acredita, não ingenuamente, mas com esperança, de que ainda existe o amor.

É triste saber que tem gente que não entendeu a responsabilidade que há no trazer pra perto, no convite pro amor, no “tô com saudade de você”. Tentar é diferente de brincar. Arriscar é diferente de apostar.

Amigão, antes de sair curtindo um milhão de fotos dela e trazê-la pra sua roleta russa da paixão, você precisa aprender com a raposa: “O essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver com o coração”.

Deixa quieto, melhor.