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Cobre-nos com Tua graça

Quando era criança, lembro-me que nas noites frias, algumas vezes acordava de madrugada muito bravo com as pernas geladas, porque durante o sono, me mexia muito e as “pernas” da calça do pijama haviam subido. Contudo, frequentemente, enquanto eu dormia, meu pai passava no meu quarto e arrumava minhas meias e minha calça.

Como ele sabia que aquilo me irritava tanto? Imagino que, por sermos tão parecidos, provavelmente aquilo acontecia com ele também.

Cobre-nos

Hoje, estava orando e tive a nítida sensação de um lençol de graça ser estendido sobre mim. Pude lembrar da atitude tão simples do meu pai, mas tão importante pra mim naquelas noites.

Decidi compartilhar isso com você para fortalecer a sua fé. Lembre-se: não importa quão fria seja a noite. Não importa o quanto estejamos tremendo nas madrugadas geladas da vida. Tal como um pai que se preocupa com seus filhos, o Pai Eterno nos estende sua graça como um verdadeiro cobertor, aquecendo-nos e dando-nos conforto até o amanhecer. E o Senhor faz isso pois homem se fez. Sentiu frio, fome e sede. Ele sabe como é…

Senhor, está muito frio… às vezes, mal posso sentir minhas pernas. Mas sei que vai amanhecer… vai amanhecer…

“Espero pelo Senhor mais do que as sentinelas pela manhã; sim, mais do que as sentinelas esperam pela manhã!” (Salmos 130.6)




É… seria mais fácil

É… eu sei. Seria muito mais fácil relacionar-se com um Deus que respondesse nossos questionamentos com a simplicidade de um “sim” ou um “não”, prontamente, logo que perguntássemos: “É isso, Senhor?”. Aliás, seria muito mais fácil se, na verdade, Ele simplesmente respondesse. Às vezes, parece até brincadeira de mal gosto. Como, Alguém que chama à existência as coisas do nada se nega a responder um simples questionamento do tipo: “Por que, meu Deus?” Eu sei, você pensa isso, mas não tem coragem de dizer, né? Deixa que eu digo por você.

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Como pode um Ser que é eterno e tudo vê não nos dar pistas de uma saída rápida, indolor ou simplesmente de uma forma de se esconder do mundo?
Por que, mesmo depois de termos feito tudo certinho, como manda a cartilha, a coerência, a simplicidade, o curso natural da vida… por que, mesmo assim, dá tudo errado?
Por que, mesmo me expondo às vezes ao ridículo, acreditando inocentemente na boa vontade do ser humano, nas palavras de amor, nas promessas ao pôr-do-sol, naquilo que tinha tudo para dar certo… Por que?
Por que mesmo assim estou tão frustrada?
E por que esse aperto na alma?
Por que ao apagar a luz ele não desaparece?
Amadurecimento? Pra quê?
Eu não pedi isso! Eu só queria ser feliz.

Bem, eu jamais seria pretensioso o bastante para filosofar sobre esses questionamentos da vida que mais parecem flechas em chamas nos atingindo nos momentos mais inesperados, mas ouso propor uma resposta – e lhe peço, não fique triste com sua obviedade: “A vida é assim”.

Lembra quando Jesus decidiu vir a esse mundo entregar-se por amor a nós? Percebeu que Ele, mesmo sendo Deus, decidiu submeter-se à essa mesma lei da vida. No Getsêmani, pediu para, se possível, não passar pela dor, mas ouviu um angustioso “não!”. Perguntou por que Seu Pai o abandonara, e a resposta foi o silêncio. Fez tudo certinho, amou, perdoou, curou… mesmo assim, o rejeitaram. Expô-se ao ridículo em silêncio, e realmente não o ouviram. Mesmo assim, depois de tudo isso, triunfou! E veja, triunfar é diferente de vencer. Venceram, aqueles que quiseram matá-lo e conseguiram. Venceu, quem quis lhe machucar e conseguiu. Venceu, quem lhe caluniou e tirou-lhe o prestígio. Venceu, quem prometeu sempre estar ao seu lado e lhe abandonou. Porém, triunfará, aquele que mesmo sendo humilhado, rejeitado, caluniado e abandonado permanecer em pé. Mesmo que abatido, mas não destruído. Mesmo que atribulado, mas não angustiado. Mesmo que perseguido, mas não desamparado. Mesmo que apoiado no pouco de esperança que restou, mas ansioso pelo raiar de um novo dia… esse triunfará!

Veja! O sol está nascendo… outra vez!

No amor do Pai,

Roger




Deus permitiu que você se decepcionasse com a igreja

É isso mesmo! Creio nisso com muita convicção. São muitas as pessoas que nos procuram e confessam que estão decepcionados com as suas denominações, com seus pastores e com os ministérios. Acredito que o Espírito Santo está permitindo que muitos desvios sejam descobertos, que muita falsidade venha à tona e que a falta de amor seja evidenciada com o seguinte propósito: para que deixemos de nos apoiar sobre as muletas da instituição e nos lancemos com confiança nos braços do Pai.

O ativismo frenético das igrejas com ensaios, reuniões e movimentos tem nos enganado, fazendo-nos crer que isso é relacionamento com Deus. Embora estar ativo numa congregação seja algo excelente, essas atividades podem de certa forma nos manter próximos da obra de Deus e longe do Deus da obra.

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Assim, acabamos vestindo a camisa da denominação, abraçando ministérios de homens e lutando por causas humanas que simplesmente perecem, enquanto a viúva permanece solitária, o órfão chora e os abatidos continuam sem esperança. Precisamos entender que congregar é diferente de fincar estacas. Tem gente que fincou estacas num cargo e não sai nem com decreto real. Outros sentem-se donos da igreja, abrindo e fechando, permitindo e barrando. E há ainda os que nos veem como números. Sem almas, apenas corpos. Mas há poder no nome de Jesus para abrir os seus olhos!

Lembre-se: em suas relações humanas, uma igreja verdadeira corrige, aconselha, ouve, visita e apascenta com muito amor e sem interesse. Sem isso, ela é só um ajuntamento qualquer.

Desculpe-me, mas eu precisava lhe dizer isso hoje!

Roger da Escola




Deixamos tudo e Te seguimos. O que receberemos?

Para quem vive numa sociedade capitalista, justificar um investimento é a coisa mais comum do mundo. Aqueles que trabalham na área comercial sabem que ressaltar os benefícios de bens e serviços é primordial em qualquer proposta de negócios. Mas, embora o evangelho não precise de justificativas para existir, muitos cristãos ainda tentam defender a sua causa por meio do anúncio de suas “vantagens”:

“Ah… nesse fim-de-semana mais de 100 pessoas foram curadas em minha igreja. E na sua?” – “Ah… na minha, fizemos a campanha das causas impossíveis e profetizamos que mais de 100 saíram com a carteira assinada” – “Já na minha, o pastor profetizou a bênção do ‘Cem Vezes Mais’ e tenho fé que também receberei!”

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Infelizmente, a matemática do evangelho capitalista de 100 vezes mais tem sido pauta de muitas reuniões cristãs. As vantagens são evidentes, afinal, quem não quer uma fé que recompense com tamanha rentabilidade? É sempre bom lembrar que o que Jesus disse foi que receberíamos cem vezes tanto em relacionamentos nessa nova comunidade chamada Reino e, pasme, que tudo isso também viria acompanhado de perseguições (Mc.10.29,30). Aliás, esse toma-lá-dá-cá em algumas igrejas é tão explícito que a liderança convida aqueles “humildes servos” que desejam ofertar altas quantias a irem à frente receber uma oração especial (seja lá o que isso for). A cena é patética: os vitoriosos, de frente para a igreja, de cabeça baixa, mãozinhas sobrepostas e aquele ar de piedade como quem diz: “Fazer o quê, eu sou bondoso, né!?” (rs). Só falta um violino com uma triste melodia.

“Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa.” – Mateus 6.2

Mas a pergunta que dá título à essa mensagem veio do próprio Apóstolo Pedro: “Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que receberemos?” (Mt. 19.27). E embora Jesus já tenha respondido a questão, muitos cristãos ainda tentam ajudá-lo, complementando aquilo que Ele teoricamente “esqueceu”:”Venha para Jesus e fique livre de todos os seus problemas”, “Aceite Jesus e seja curado de todas as suas enfermidades”, “Só Jesus pode lhe fazer prosperar!”. Porém, como disse meu amigo Paulo César Baruk: “Deus não tem o dever de suprir nossas expectativas, mas tem o prazer de suprir nossas necessidades”. Veja, a Bíblia já nos deu garantia de que nossa obra tem recompensa (II Cr. 15.7). Os galardões foram garantidos pelo próprio Mestre (Lc. 6.23). Paulo, porém, nos dá um ideia da verdadeira motivação dos galardões quando diz: “…não corro como quem corre sem alvo.” (I Co. 9.26). Creio que galardão ou qualquer tipo de recompensa seja apenas um lampejo do porvir. Uma brisa de esperança que sopra da Cidade Celestial. Uma luz no fim do túnel para lembrar-nos que estamos no caminho certo. Esse prêmio, porém, nunca será nosso alvo. O alvo é Cristo!

Que em nome de Jesus possamos servi-Lo com alegria de coração sem nos importarmos com recompensas ou vantagens. Que deixemos de anunciar um evangelho de investimentos, implorando aos perdidos que o aceitem. Afinal, o próprio Senhor virou para uma multidão que o seguia e disse: “Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?” (Lc. 14.28). É como se Ele dissesse: “Tem certeza que quer me seguir?”

E lembre-se: se Deus nos desse o que merecíamos, estaríamos perdidos!

No amor do Pai,

L. Rogério




Caminhando para o Céu ou fugindo do Inferno?

"Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, 
de todo o seu entendimento e de todas as suas forças" - Mc. 12.30

Enxergar o copo meio cheio ou meio vazio pode ser apenas uma questão de otimismo. Já as motivações para a fé cristã não podem se dar ao luxo de serem validadas pela opinião popular, pois foram elucidadas pela Palavra de Deus – nossa regra de fé e prática. As superstições e o sentimento de vingança, típicos de uma ala do cristianismo contemporâneo, valem-se das histórias do Antigo Testamento, onde Deus punia severamente aqueles que se opunham às Suas leis. Não tenho a menor competência para explicar o porquê dessas chacinas e condenações de Jeová, apenas imagino que essa era a linguagem entendida pelos povos bárbaros dos tempos bíblicos. No entanto, como nasci da Nova Aliança, me firmo nas palavras de Jesus: “Ouviste o que foi dito… Eu porém vos digo…”.

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Não foram poucas as histórias que ouvi de gente que “mexeu” com Deus e foi punida de forma severa. Gente que abandonou a igreja e se viu em maus lençóis. Pessoas que não deram o dízimo e, naquele mês, bateram o carro. Mulheres que cortaram o cabelo e adoeceram. Certa vez fiquei sabendo de uma irmã que tomou a Ceia em pecado e caiu mortinha no culto. Recentemente fiz um comentário em um blog e recebi uma maldição virtual: a irmã profetizou que meus dedos cairiam. Fato é que essas superstições geralmente vêm acompanhadas de versículos estratégicos como o “Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10.31) ou do famoso “Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal.” (I Cr. 16.22), pretextos claros para a vingança de alguns ou de escudos eclesiásticos para todo o tipo de despotismo dos falsos ministros. Diferente de toda essa religiosidade que amedronta e afugenta, Jesus nos propõe outra via quando convida: “Segue-me!”. Como sempre diz meu amigo Alan: “Isto é proposto, não imposto”. 

Aqueles que ouviram e responderam “sim” ao chamado do Mestre seguem caminhando para o Céu, não se importando com as mandingas evangélicas. Seu dízimo é oferta de um coração agradecido, consciente da necessidade de expansão do Reino, afinal, a luz do templo ainda não acende com oração. Os que foram agraciados pelo amor de Jesus também não vão à igreja por medo do “fogo consumidor”, mas pela incontrolável necessidade de abraçar o outro, de celebrar a comunhão, de adorar Àquele que nos amou primeiro.

Que essa visão de um Deus sádico, ansioso pelo primeiro deslize de Seus filhos, seja desfeita na pessoa bendita de Jesus. Que o amor e a amizade com Deus e com o próximo sejam nossas motivações diárias para o exercício da fé cristã. E que o Espírito de Deus seja sempre Aquele que nos faz andar na verdade.

A caminho do Céu,

L. Rogério




Um crente morninho

"Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! 
Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca." - Ap. 3.15-16

Desde criança sempre ouvi pregações sobre a Igreja de Laodiceia como advertência contra todo tipo de frieza espiritual. A despeito de toda insistência para que fôssemos “quentes” no sentido carismático do pentecostalismo, a verdade é que, se essa fosse a intenção do conselho divino, Deus nunca diria que melhor seria que fôssemos “frios”. A dedução óbvia é que o Senhor espera de nós, então, uma definição, nunca um meio termo.

Fato reconhecidamente histórico em muitas denominações é que a teologia acadêmica não fora adotada como obrigatoriedade na formação de novos pastores. Muitos desses, inclusive, homens indoutos, trabalhadores da construção civil, construíam bravamente suas congregações em sentido espiritual e literal, dividindo o púlpito com sua colher de pedreiro. E mesmo com todo o mérito a esses desbravadores da fé, a verdade é que fomos nos acostumando e passando adiante muito da achologia cristã, sempre autenticada pelo “fervor” de seu porta-voz.

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A Carta à Igreja de Laodicéia nos convoca, então, a um posicionamento firme e definido, inclusive quanto às questões de nossa fé. Quem diz “Estou rico e não preciso de nada!” é semelhante àqueles dogmáticos que aprenderam a teologia do boca a boca e não abrem mão de suas pseudoverdades por nada nesse mundo. Criticam os mais renomados teólogos, pois consideram a classe muito “fria”. Enquanto se vestem de dogmas e religiosidade, o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, os aconselha: “Comprem roupas brancas e vistam-se para cobrir a sua vergonhosa nudez.”

Frase comum dos que andam nos jargões dos pregadores itinerantes, o famoso “…é assim que eu vejo” também recebe um conselho do Soberano da Criação: “Compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar”. A maneira como EU vejo, pouco importa para a verdadeira teologia cristã, pois temos um padrão chamado Sagradas Escrituras. Somos peritos em responder às questões doutrinárias com nossas opiniões bem fundamentadas na experiência religiosa. Contudo, a experiência da vida é boa, mas cada um com a sua. A armadura do Saul não serve no Davi!
A verdadeira experiência de intimidade com o Pai está na simplicidade de abrir a porta do coração e convidar o Senhor Jesus para o jantar.

Em nome do Eterno, deixemos de lado toda inconstância e todo pensamento dúbio para com as coisas espirituais. Que paremos de titubear entre dois pensamentos. Quem vive assim é crente morno. É menino no batente da janela – meio dentro, meio fora. Que tenhamos um posicionamento firme quanto à nossa fé e o que cremos.

“…Estejam sempre preparados para responder com mansidão e respeito a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.” – I Pe. 3.15

Quem tem ouvidos, ouça!

L. Rogério




Minha pequena luz

“Todos os que estão sob o jugo da escravidão devem considerar seus senhores como dignos de todo respeito, para que o nome de Deus e o nosso ensino não sejam blasfemados. Os que têm senhores crentes não devem ter por eles menos respeito, pelo fato de serem irmãos; ao contrário, devem servi-los ainda melhor, porque os que se beneficiam do seu serviço são fiéis e amados. Ensine e recomende essas coisas.” – I Tm. 6.1-2

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Uma das maiores premissas da vida cristã é o testemunho. Dar bom exemplo onde quer que se esteja é requisito básico para todo aquele que se diz seguidor do Mestre Jesus. Tema corriqueiro na pregação de muitos ministros, a vida de separação do mundo como forma de santificação já foi largamente difundida e atestada por alguns como receita para a bênção de Deus. Não sentar-se à roda dos escarnecedores, então, tornou-se chavão na pregação que exige separação incondicional do mundo e de seus habitantes, afinal, diziam-nos, a nossa pátria não é aqui. Acontece que vez ou outra na semana tenho a deliciosa oportunidade de almoçar com a Dany em seu trabalho. Como o refeitório é no próprio local, minha esposa vai mostrando-me seus colegas que partilham da mesma fé. “Amor…” – ela diz – “…aqueles dois ali são da igreja tal. As duas moças de cabelo comprido são da congregação tal. Aqueles quatro ali no canto são da missão tal…”. Curiosamente, percebo que todos esses sentam-se separados das demais pessoas. Após o almoço, enquanto caminhamos pelo bosque, a cena se repete.

João Batista foi um dos grandes precursores da ideia de separação do mundo. Como atalaia da vinda do Messias, creio que sua lógica de distanciamento dos pecadores no comer, no vestir e em seu local de trabalho (o deserto) talvez fizesse todo sentido naquele universo. Como Jesus veio quebrando paradigmas, sua aproximação com os pecadores sentando à mesa dos corruptos, falando a prostitutas e perdoando mulheres em adultério não combinava nada com a separação de seu primo João – que justamente por isso mandou perguntar a Jesus se Ele era realmente o Cristo. Quando Jesus questiona a eficácia da candeia debaixo da vasilha, logo nos propõe que a nossa luz deve brilhar diante da sociedade para que o Pai seja glorificado (Mt. 5.14-16), o que me leva à seguinte questão: “De que forma vamos impactar a sociedade se vivermos como alienígenas isolados e separados?”. Viver uma vida íntegra e de separação nada tem a ver com distanciamento físico, mas sim ético, moral e de caráter.

É nesse contexto que muitos empregados cristãos amaldiçoam seus patrões, seus salários e, mesmo não sentando-se à roda dos escarnecedores, roubam suas empresas chegando atrasados, adulterando relatórios de reembolsos ou inventando doenças e imprevistos que só denigrem a imagem do evangelho de Cristo. Tem crente que a cada trimestre “mata” uma tia ou um primo para ir ao Hopi Hari. Haja parente!

Quero incentivar a você que me lê e professa essa fé: dê o seu melhor em seu local de trabalho! Estar empregado é uma dádiva de Deus. Servir à sociedade com nossos talentos e profissionalismo é motivo de glórias a Deus. Honre teu chefe. Respeite o presidente de sua companhia. Chegue mais cedo. Saia mais tarde quando for preciso. Entregue seus relatórios e planilhas impecáveis. Fazendo assim, tenho convicção que todos verão que sua dedicação é fruto de um coração restaurado, um espírito renovado e de uma vida cujo caráter reflete o espírito de Jesus.

“Escravos, sujeitem-se a seus senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas também aos maus. Porque é louvável que, por motivo de sua consciência para com Deus, alguém suporte aflições sofrendo injustamente. Pois, que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus.” – I Pe. 2.18-20

“O que você é te controla e ecoa tão alto que não consigo ouvir o que você me diz” – Ralph Waldo Emerson




Um Pai amoroso e gentil

Vivemos num país de muitos dialetos. É comum, por exemplo, um paulista perder o fio da meada numa conversa com um nordestino. Cresci ouvindo minha tia dizer: “Arre-ema!”. Demorei entender o que meu pai queria o dia em que ele me pediu uma liguinha. Já minha mãe cansou de dizer durante as refeições que eu era esgalamido. E quando a gente não se aquietava num lugar diziam que tínhamos um frivião e que o que valia era a Lei do Chico de Brito (esse era famoso lá pelo Ceará). Mas de exemplos é bom parar por aqui, pois não quero mangar de ninguém, vai que tem algum familiar pastoreando meu blog. Mas tão peculiar quanto o dialeto, é a forma como se fala no nordeste do país. O que para muitos de nós, paulistas, parece ser uma grosseria, na verdade não passa de uma resposta simples e direta.

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Eu era ainda um menino quando visitei pela primeira vez a sede de nossa igreja com meu pai. Acostumado apenas com a galeria de minha igreja, contemplei espantado as três que formavam aquele grande templo, e logo perguntei: “Pai, isso não cai, não!?” – ao que ele me respondeu com toda delicadeza paraibana: “Isso não é feito de cuspe, não, ‘mininu’!”. Mas filho de nordestino não cresce com trauma, não… cresce cada vez mais macho! Mesmo porque, não se tratava de grosseria – esse é apenas o jeitão nordestino de ser!

Contudo, independente de nossa formação, a Bíblia nos fala de amabilidade como fruto do Espírito (Gl. 5.22). E não há como expressar amabilidade a não ser por gestos e palavras. Jesus deixou claro sua delicadeza quando disse: “Eis que estou à porta e bato!” (Ap. 3.20). O próprio Deus mostrou-se gentil ao chamar o menino Samuel sem assustá-lo (I Sm. 3.4), imitando a voz rouca e bem conhecida do sacerdote Eli.

É triste saber que muitos cristãos e obreiros (principalmente), ainda não entenderam o que é amabilidade. Pior que isso, vivem uma vida ranzinza e rabugenta acreditando, mesmo assim, ter os frutos do Espírito, quando na verdade a Bíblia nunca falou-nos de frutos, mas sim de fruto! Essa singularidade deixa claro que, ou se tem o TODO, ou não se tem nada. A amabilidade é consequência natural de todo aquele que foi alcançado pelo amor do Pai. Uma espiritualidade que não se desdobra no bom trato, não passa de língua estranha.

Que em nome de Jesus sejamos amáveis uns com os outros no trato, no falar, na hospitalidade, na formação de novos discípulos, na tolerância aos mais fracos e principalmente no respeito para com as diferenças. Que o toque carinhoso do Pai seja imitado por nós, seus filhos, no dia-a-dia e na Casa do Senhor.

Naquele que nos criou com carinho,

Roger




Jesus está voltando

“…Dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar
da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos
céus (…). E assim estaremos com Ele para sempre.
Consolem-se uns aos outros com essas palavras.”
I Te. 4.18

Se você frequenta uma igreja evangélica, responda-me com sinceridade – há quanto tempo você não ouve uma mensagem sobre o tema: “Jesus está voltando”?

Falar da volta de Jesus está fora de moda. Não dá mais ibope. Pregador itinerante não pode se dar ao luxo de pregar o Céu. Já pensou? Ficar falando das maravilhas da Canaã Celestial? Que toda profecia será aniquilada e toda língua cessará (I Co. 13.8)? Só nesse primeiro parágrafo o camarada já perderia meia-dúzia de profetas. E as milhares de promessas que “deus” fez, como ficariam? Afinal, se quem tem promessa não morre, teoricamente também não pode ir dessa pra melhor de nenhum outro jeito e deixar essa pendência.

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Imagina começar a dizer que Ele breve vem e os crentes começarem a nutrir um sentimento de esperança na glória celeste… E se esse sentimento gerar um desprendimento do material? O que será das grandes campanhas de prosperidade? Afinal, um evangelho em que a recompensa esteja no porvir não pode ser levado muito a sério, não é!? Imagina os crentes vendendo suas propriedades e repartindo entre os pobres… Vixe, as contribuições cairiam vertiginosamente. Olha o estrago! Você já pensou nos tele-evangelistas vociferando: “Arrependam-se (…), raça de víboras! Quem lhes deu a ideia de fugir da ira que se aproxima? Dêem fruto que mostre o arrependimento (…)! Toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo.” (Mt. 3.2;7-10). Pronto, o caos está instaurado. Quem é que vai assistir a um programa desses que “não dá em nada”?

É típico do ser humano, principalmente do brasileiro, viver esse evangelho toma-lá-dá-cá. Pedro já havia dado um toque: “[Senhor] Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós?” (Mt. 19.27). E isso fica ainda mais claro no esforço que fazemos para ser aceitos por Deus. É monte, é jejum, é corrente, é promessa, é voto… Mas graças a Deus, Sua voz continua ecoando desde a Antiga Aliança: “Desejo misericórida, e não sacrifícios; conhecimento de Deus em vez de holocaustos.” (Os. 6.6). E quem é “prudente” e não prega esse evangelho tão gracioso para não deixar o povo relaxado, se esquece que a Bíblia não dá ponto sem nó e diz: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma!” (Rm. 6.1-2).

Creio que a ideia de Graça demora a ser digerida por essa geração simplesmente porque ela não dá nada de graça! É por isso que pregar a volta iminente de Jesus é dar tiro no pé, pois se Ele volta amanhã, esse “evangelho-fundo-de-investimento” perde o sentido de sua existência.

Enfim, contrariando a muitos, quero trazer a memória o que me traz esperança e temor (não medo): “Jesus está voltando!”. Que a graça do Pai seja cada dia mais abundante sobre nós. Que o senso de responsabilidade para com o Reino domine nossas mentes. E que a misericórida do Senhor seja sobre nós a cada dia. Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!

No amor daquele que vem nos buscar,

L. Rogério




A fé e seus cercadinhos

“Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a regras: “Não manuseie!”, “Não prove!”, “Não toque!”? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.” – Cl. 2.20-23

A religiosidade brasileira sempre foi amante das regras. É fato histórico que a maioria das denominações evangélicas do Brasil nasceram de uma mistura de regras e princípios morais. Era comum receber, mesmo que indiretamente (ou não), a cartilha da denominação com suas centenas de leis de comportamento e disciplinas. “Não pode!” – assim começavam os parágrafos da cartilha. “Não beba”, “Não corte o cabelo”, “Não use calças compridas”, “Não use barba”, “Não pinte as unhas”, “Não assista TV”, “Não jogue futebol”, “Não raspe as pernas”, “Não beba Coca-Cola”, “Não depile as axilas” (eca!), não… não… e não…

diferente

Mas até aí, nada de novo. Afinal, muitas denominações ainda seguem esse conjunto de usos e costumes à risca. Entendo até que muitos cristãos não tenham preparo para viver a liberdade que temos em Cristo Jesus, mas isso é assunto para outro post. O que percebo de perturbador nessa forma de viver não são apenas o jugo e a opressão dos crentes que obedecem a essas regras, mas a falsa sensação de estarem, dessa forma, cumprindo realmente os mandamentos de Cristo.

Certa vez um jovem rico e importante na sociedade da época procurou Jesus com a mesma intenção – cercar os mandamentos divinos num quadrado bem limitado que, certamente dariam a ele a segurança e o conforto de ser aceito por Deus. Perguntou o moço: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Lucas 18.18-29). Jesus, que nunca se impressionou com retórica ou status social, logo entendeu que o jovem o chamara de bom num sentido jocoso, dúbio… pelo que respondeu: “Por que você me chama de bom? Não há ninguém que seja bom, a não ser somente Deus. Você conhece os mandamentos: ‘Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe'” Parece que posso ver, nesse momento, o coração do jovem se enchendo de alegria. Ele sabia a regra de cor e salteado. Como bom judeu, provavelmente havia crescido ouvindo e decorando a Torá. Seus limites e fronteiras eram bem determinados, por isso estava seguro de sua salvação. Provavelmente orgulhoso de seu comportamento exemplar, o jovem rico se gabou: “A tudo isso tenho obedecido desde a adolescência”. Então Jesus, como num passe de mágica, desmonta o jovem e toda sua lógica humana dizendo: “Falta-lhe ainda uma coisa. Venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois venha e siga-me.” A Bíblia diz que aquele jovem retirou-se entristecido porque era muito rico. Lendo as entrelinhas, percebemos que Jesus não está falando-nos de ganância ou de ostentação, mas de prioridades.

Não adianta querer listar os 10 mandamentos de Jesus. Isso é retroceder. Os judeus já haviam feito isso. Não contente com os 10 mandamentos, a Lei Mosaica ainda acrescentou 613 leis, e tudo isso serviu apenas para mostrar o quão distantes nós estaríamos de Deus, não fosse sua maravilhosa graça.

Jesus está chamando-nos a dar um passo a mais.
A rasgar a lei e mergulhar em seu espírito.
A não decorar regras, mas viver seus princípios.
Jesus está nos chamando a transcender…
a ler as sagradas entrelinhas.

Quer viver a nova vida em Cristo? Siga o Mestre, durante a caminhada você irá tornar-se mais parecido com Ele a cada passo. Quer ser verdadeiramente um cidadão do Reino? Então não tente restringir ou limitar o espírito de Jesus a um conjuntinho de leis e regras morais, mas busque ao Senhor para ter a mente de Cristo. Só assim poderemos pensar como Ele, andar como Ele, agir como Ele e principalmente, amar como Ele! Vivamos a liberdade de Cristo!

No amor daquele que nos libertou,

Roger