1

Apatia

Não é de hoje que gostamos de colocar nossos pecados na balança da conveniência. “Tô fazendo isso, mas pelo menos não tô fazendo aquilo!” ou o clássico “Faço isso, mas pelo menos não sou como alguns que…” são as nossas doses diárias de anestesia na consciência. Tão práticas… Tão justificáveis… É a nossa droguinha da alma.

O mais curioso é que a gente morria de medo de experimentar, até que o traficante sugeriu: “Não existe pecadinho e pecadão!”. Ah… a sedução da lógica promíscua. Como ela nos encanta! E ela nunca vem sozinha, sempre traz suas irmãs cantando: “Ajoelhou, tem que rezar!” ou a clássica “Tá no inferno, abraça o capeta!”.

E a brisa seria boa, não fosse o João com aquela onda de “É tudo pecado, mas tem uns que não leva pra vala, não!”. Pois é, o João cortou o barato e disse que tem pecado que mata, outros, não. Oras, pra bom pecador, 5 curtidas é flerte! Melhor a gente parar com a zideia de dizer que é tudo igual.

Acontece que na balança das faltas, esqueceram de pesar a apatia. Sim, essa megera! A bicha é tão seca, mas tão seca, mas tão seca… que ninguém nem vê! Aí, pesa adultério, pesa mentira, pesa fofoca, mas passa de boa a tal da apatia. Assim, é capaz do traidor passar o resto da vida se arrependendo e buscando perdão, enquanto que o apático termina seus dias se gabando por nunca ter feito nada, absolutamente nada!

Sim, pecado é algo que a gente faz, mas também é algo que a gente deixa de fazer. E não se engane, o Evangelho é muito mais sobre aquilo que a gente faz como santo, do que aquilo que a gente deixa de fazer como pecador.

Ei, o pecado te atropela e deixa muitas marcas. A apatia te abraça e caminha com você por toda estrada. Um conselho? Deixe a Dona Apatia lá no passado, onde ela lhe deu a mão. Ela é uma péssima companheira de viagem.

No amor do Pai,

Roger