A canção de Abel
O sol mal havia nascido e aquele canto ecoava por todo o campo. “Como alguém pode cantar todo alegrinho às 5:00 da manhã rodeado de balido irritante de ovelha?” – pensava Caim sobre seu irmão caçula, enquanto arrancava com raiva umas daninhas que insistiam em arruinar seu trabalho: “Também… muito fácil ficar passeando com ovelhinha, queria ver a pessoa vir aqui criar calo na mão com a enxada!”
E assim, dia a dia, Caim ia nutrindo uma inveja oculta contra seu irmão Abel, até que teve uma ideia brilhante. Foi ao campo e colheu o que havia de melhor! A carroça quase tombou de tantas frutas e legumes maravilhosos. As alfaces eram vistosas, as maçãs pareciam brilhar! Ah, e o cheiro? Dava pra sentir de longe aquela mistura deliciosa de aromas.
Oras, Abel achou a ideia genial. Correu, matou o seu melhor e mais novo carneirinho e foi também oferecer a Deus. Curiosamente, o texto bíblico não diz apenas que Deus aceitou a oferta de Abel e rejeitou a de Caim, o texto diz categoricamente que Deus “aceitou com agrado Abel e sua oferta, mas não aceitou Caim e sua oferta.”. Não se tratava da oferta em si, mas do coração do ofertante.
A aplicação desse texto não poderia ser mais clara: Deus rejeita a adoração daquele que nutre inveja e ódio contra seus irmãos! E não adianta fazer caras e bocas no louvor, o texto diz que foi o rosto de Caim que o denunciou – ele estava transtornado! Você pode tentar disfarçar essa malignidade com a melhor oferta do mundo, pode justificar do jeito que quiser, chamando o outro de tóxico e alegando cuidados com sua saúde emocional – o Eterno não aceita oferta de quem, em segredo, deseja a morte do irmão ou mesmo de seus sonhos.
A oferta de Abel partiu de um coração íntegro, sua essência era pura, não havia maldade em seu coração. A Bíblia diz que o seu sacrifício foi tão superior que até hoje Abel ainda fala – a adoração de Abel ecoou pelo tempo e, pela fé, ainda podemos ouvir a sua canção da manhã.
Que a nossa adoração seja fruto de um coração puro, repleto de compaixão, perdão e amor, não apenas para que o Senhor receba como cheiro suave, mas também para que ela ecoe pelo tempo e as gerações futuras possam ouvi-la.
No amor do Pai,
Roger