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A igreja invisível

Se você me acompanha nas redes sociais, deve saber que recentemente participei de uma ação entre amigos para a compra de uma câmera para uma fotógrafa de nossa equipe que foi assaltada. Tive a ideia de fazer a entrega em uma de nossas aulas para que pudéssemos ter esse momento registrado – os equipamentos já estariam montados mesmo e a equipe a postos para gravar, por que não? Acontece que, depois que compartilhei o vídeo nas redes sociais, houve uma comoção muito grande naqueles que assistiram o vídeo. As pessoas continuaram, inclusive, a contribuir e a Priscila ganhou até mesmo o seguro do novo equipamento, sua tão sonhada Canon 6D.

Curiosamente, na mesma semana em que fazíamos a tal da vaquinha – uma vacona, no caso, já que a câmera custou um bom dinheiro – eu fazia um trabalho na faculdade sobre a vocação pastoral, e ao relatar algumas atividades da minha igreja, fui praticamente hostilizado. Falei do trabalho social que fazemos através do ministério Fora da Caixa, da nossa ONG (a AMAI), do Centro de Treinamento (o ADAI College)… foi quando emendei a conversa na história da Pri. Uma aluna me falou em tom irônico seguido de uma risada sarcástica: “Nossa! Me apresenta essa igreja que eu também quero participar dela”. Veja, eu não estou falando de um curso secular e um ímpio comentando, trata-se de uma faculdade de teologia e uma futura pastora! Só então percebi que eu estava falando a pessoas totalmente desacreditadas do que é igreja. Voltei pra casa aquela noite inconformado com aquelas palavras.

Porém, logo após publicarmos o vídeo de entrega da câmera da Pri, notei que esse sentimento é mais comum do que eu imaginava. As pessoas não pararam de compartilhar o vídeo, e percebi um certo padrão nos comentários. A maioria parece elogiar a ação como um ato extinto na igreja de nossos dias. Muitas frases como: “Ah, se toda igreja fizesse isso…”, “Ah, se as pessoas realmente amassem umas às outras” etc. Contudo, acho que tenho uma pista do porquê as pessoas têm esse sentimento em relação à igreja: as verdadeiras ações sociais e de amor ao próximo simplesmente não são expostas.

Neste exato momento em que escrevo este texto, meu amigo Emanuel Carvalho, sua esposa e vários membros de sua comunidade estão no Morro do Borel numa série de ações sociais. Meus pais vivem cuidando, orando e fazendo doações a pessoas menos favorecidas da igreja ou não. Na Escola de Adoração mesmo, já ajudamos alguém que não pode arcar com o aluguel daquele mês, demos cesta básica, compramos remédios, uma oferta especial a alguém desempregado… A questão é: essas ações não são vistas porque as pessoas que as fazem de coração não se preocupam em alardeá-las.

Estamos acostumados a ver a igreja pelo prisma dos eventos, dos cultos dominicais, dos congressos… Porém, não percebemos muitas vezes a igreja invisível, aquela que leva alimento ao necessitado, amparo ao doente, ombro amigo ao aflito, oração aos desesperados. Você talvez não saiba, mas há alguns meses, minha filha ficou internada, e eu vi essa igreja de perto! Homens e mulheres que não mediram esforços para irem ao hospital chorar comigo. Gente que não se preocupa com holofotes. Rebeca e Baruk, por exemplo, chegaram ao hospital às 6:00 da manhã e só foram embora porque nós insistimos dizendo que eles podiam ir.

Ei, não desacredite dessa igreja invisível. Você talvez não a conheça por dois únicos motivos: ou porque nunca precisou dela, ou porque dela, nunca fez parte… Pense nisso.

No amor do Pai,

Roger

“Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham.”
Atos 4.32