1

A correção do Senhor

Era 2013. A Escola de Adoração estava com tudo! Voluntários pra todo lado, muitos alunos matriculados, igreja chique cheia de recursos, câmeras, luzes e tudo o que a gente jamais tinha sonhado – tinha até camarim! Naquele dia, estava conosco o Delino Marçal, e nós já tínhamos recebido Eyshila, Melk Villar, Nelson Bomilcar… estava sendo um ano realmente bem agitado.

Nesse mesmo dia, ia pregar o meu amigo e mentor, Alan Brizotti. Logo que ele chegou, fiz questão de mostrar-lhe toda a estrutura do evento. Enquanto meu rádio transmitia aquela agitação toda dos voluntários, eu contava pro Alan tudo de bom que estava acontecendo. E foi lá, no fundo da igreja, olhando para aquela estrutura toda que ele me disse:

“Roger, cuidado para que ao combater monstros, você não se torne um”.

A Escola havia nascido como fruto do meu livro: “Adoração para Anônimos” – uma crítica sutil aos que transformavam culto em show business, e o Alan havia me ajudado na idealização de todo o projeto. Sim, o que ele me disse naquele dia foi um tapa na cara! Como um bom mentor, o Alan nunca deixou de me orientar. Até hoje, quando publico uma frase que fere algum princípio bíblico, filosófico ou que exclui uma perspectiva relevante, ele me corrige na hora.

Há uma tendência natural de nos afastarmos de quem nos fala “umas verdades”. É claro que ninguém gosta disso e nós temos uma cartilha pronta de justificativas: “Ah, eu acho que a pessoa tem que saber corrigir…”, “Poxa, quem ele pensa que é pra falar de mim? E aquela filha dele que…” ou o famoso mantra “Só Deus pode mim julgá” (sic).

A verdade é que quando estamos no erro nós não podemos nos dar ao luxo de escolher a forma como seremos corrigidos. É claro que a gente quer carinho, respeito, pedagogia irretocável e uma linguagem apropriada ao nosso nível intelectual, porém quando Deus resolve nos corrigir, Ele usa até uma mula manca raivosa pra nos dar um coice tão certeiro, que a gente só descobre o que nos atingiu dias depois.

Sim, você pode usar todas as desculpas esfarrapadas guardadas na sua mochila do cinismo, como também pode deixar de ser dodói e crescer em caráter, paciência e humildade. A escolha é sua, os frutos, também.